O presidente Jair Bolsonaro (PL) trocou o comando do Ministério de Minas e Energia. Bento Costa Lima Leite de Albuquerque foi exonerado, a pedido, e Adolfo Sachsida foi nomeado como titular da pasta. As informações estão na edição desta quarta-feira (11) do "Diário Oficial da União (DOU)".
A mudança ocorre após recentes críticas do presidente à política de preços da Petrobras, estatal ligada à pasta.
No Twitter, Sachsida postou mensagem de agradecimento a Bolsonaro, a Paulo Guedes, ministro da Economia, e a Albuquerque.
No último dia 5 (quinta-feira), Bolsonaro citou o ministro Bento Albuquerque e o presidente da Petrobras, José Mauro Ferreira Coelho, ao reclamar de reajuste no preço do Diesel para as refinarias.
O presidente fez apelos para que a Petrobras não voltasse a aumentar o preço dos combustíveis no Brasil. Aos gritos, durante uma transmissão ao vivo por redes sociais, afirmou que os lucros registrados recentemente pela empresa são "um estupro", beneficiam estrangeiros e quem paga a conta é a população brasileira.
Bolsonaro fez as críticas pouco antes da divulgação pela Petrobras do resultado do primeiro trimestre, quando a empresa teve lucro de R$ 44,561 bilhões. Esse valor é 3.718% maior que o registrado no mesmo período do ano passado. Em todo o ano de 2021, a empresa, que tem a União como maior acionista, registrou lucro líquido recorde de R$ 106,6 bilhões.
Cinco dias depois, a estatal reajustou em 8,87% o Diesel para as distribuidoras. O valor médio do litro vendido pela petroleira subiu de R$ 4,51 para R$ 4,91.
Inflação
A alta nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha tem contribuído para pressionar os preços dos demais produtos, o que gera críticas ao governo e a Bolsonaro, que é pre-candidato à reeleição. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) atingiu 11,3% no acumulado em 12 meses até março. Já são 7 meses seguidos com a inflação anual acima dois dígitos.
A taxa registrada no Brasil permanece bem acima da média observada nas maiores economias do mundo.
Adolfo Sachsida
Adolfo Sachsida estava na equipe de Paulo Guedes no Ministério da Economia, como assessor especial. Doutor em Economia e advogado, é autor de livros e artigos técnicos sobre políticas econômica, monetária e fiscal, avaliação de políticas públicas, e tributação. Foi professor em diversas universidades brasileiras, entre as quais a Universidade Católica de Brasília, onde foi diretor da graduação e do mestrado em economia. Também foi professor de economia da Universidade do Texas, nos Estados Unidos.
Questionado por jornalistas sobre a expansão do vale-gás em 4 de março, Sachsida disse que algumas medidas podem ter boas intenções, mas gerar resultado negativo.
"Algumas vezes as medidas têm boas intenções, mas terminam com resultado negativo. temos de tomar muito cuidado para que as medidas tomadas não agravarem a situação. por isso a economia se posiciona contra determinadas medidas. pois apesar da intenção ser boa, o resultado pode ser ruim. temos de trabalhar para que o resultado também seja bom", disse ele.
Na mesma ocasião, ele foi perguntado sobre a mudança na política de preço da Petrobras, que estabelece a paridade com a cotação do petróleo no mercado internacional, e a criação de um fundo estabilizador.
"Se eu criar medidas que gerem receio sobre a consolidação fiscal, risco país sobe, real se desvaloriza, combustíveis sobem. Começa com uma medida para reduzir o preço do combustível, mas é equivocada. Vai ter o resultado contrário. Entendo a demanda do Congresso e da sociedade, mas cabe a nós mostrar que elas não vão ter o resultado esperado."
Fonet: G1