Submetralhadora foi apreendida em ação da PM em Tiquié (BA)

A cidade mais violenta do Brasil tem lista de jurados de morte, crimes envolvendo facções e protesto de mulheres contra mortalidade em ações policiais. Essa cidade é Jequié, um município com cerca de 160 mil habitantes na região sudoeste da Bahia.

Dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) nesta quinta-feira (20/7), revelam as 50 cidades com maior taxa de mortes violentas intencionais. As informações apuradas apresentam a soma das vítimas de homicídio, latrocínio, feminicídio, lesão corporal seguida de morte e mortes em ações policiais. A lista considera as cidades com mais de 100 mil habitantes.

A maior parte dos municípios dessa lista são da Bahia, o segundo estado mais violento do país, atrás apenas do Amapá. O Amazonas aparece em terceiro.

Já as três unidades da Federação menos violentas são os estados de São Paulo e Santa Catarina e o Distrito Federal.

Rotina de mortes

Jequié teve 141 mortes violentas intencionais no ano passado, o que representa uma taxa de 88,8 mortes para cada 100 mil habitantes, quase quatro vezes mais que a taxa do país, que é de 23,4 por 100 mil habitantes.

Os homicídios na cidade baiana já se tornaram parte da rotina. No dia 27 de dezembro, homens armados invadiram uma casa e executaram com vários tiros Alexandre Souza Santos, de 20 anos, na frente de familiares.

Nos sites de notícias locais, o título da notícia sobre a morte de Alexandre foi: “Mais um integrante da lista da morte foi executado”. Diferentes páginas de informação da região relatam uma lista de pessoas para morrer, feita por uma organização criminosa e divulgada pelas redes sociais.

A presença de facções criminosas também é uma realidade em Jequié. No mês passado, policiais militares mataram um traficante durante uma ação policial. Na ocorrência, os policiais apreenderam uma submetralhadora possivelmente artesanal, que tinha as inscrições CV, da facção carioca Comando Vermelho.

Alvos são jovens

Em janeiro, em um artigo para o Jequié Notícias, o jornalista Rafael Gomes revelou que, nos 16 primeiros dias deste ano, 15 pessoas foram assassinadas na cidade do interior baiano; desse total, seis foram mortas em ações da polícia. Todas as vítimas eram jovens ou adolescentes, com menos de 30 anos.

Nas redes sociais, um grupo de mães organiza um protesto para o próximo sábado (22/7), por conta da morte de jovens em ações da polícia.

“Se os policiais entram para matar, e tiver mais cinco ou seis inocentes, morrem também. Isso não pode mais acontecer. O povo tem medo de falar, de ir para as ruas, de filmar até”, desabafou ao Metrópoles a tia de um jovem morto em uma ação policial.

A polícia baiana é a segunda que mais mata no país, quando se considera a taxa por 100 mil habitantes, atrás apenas do Amapá.

Fonte: Metrópoles