Em 15 anos de atuação com descrição, pesquisa desenvolvida em Lajeado tornou conhecidas da ciência mais de 70 espécies de ácaros 

A maior parte dos ácaros é praticamente invisível ao olho humano, já que são criaturas pequenas. Mesmo pequenas, são muito diversas  e compõem um grande grupo de animais. O trabalho de pesquisadores desenvolvido no Laboratório de Acarologia (Labacari) da Universidade do Vale do Taquari - Univates, de Lajaedo, ajuda a identificar e descrever espécies desse grupo. 

Principalmente dedicada aos ácaros associados a plantas - em especial uvas, maçãs e erva-mate -, a equipe do Labacari também tem abordado ácaros hematófagos relacionados com as aves. Ao longo da sua trajetória, o Laboratório já estabeleceu parcerias com diversas entidades brasileiras, espalhadas pelo País, além de atuar internacionalmente com grupos de pesquisadores de países como o Japão, Turquia e Itália. 

Fundado em 2003 como parte do Museu de Ciências da Univates, o Labacari é um laboratório que atualmente também integra a estrutura do Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari - Tecnovates. As pesquisas desenvolvidas são realizadas nos Programas de Pós-Graduação em Ambiente e Desenvolvimento (PPGAD), Biotecnologia (PPGBiotec) e Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS). 

Estimativas sobre o total de espécies de ácaros que possam existir são muito difíceis de realizar, mas o coordenador do Laboratório, professor Juarez Ferla, estima que o total de pessoas trabalhando essencialmente com ácaros e suas relações ecológicas no Brasil sejam em torno de 400, o que contribuiu para o estabelecimento de uma ciência com características próprias - a acarologia. 

Histórico de descrições 

Desde 2008 o grupo de pesquisadores associado ao Labacari já realizou a identificação de cerca de 70 espécies diferentes de ácaros. A contagem leva em consideração a produção até o fim de 2021. A descrição desses organismos é um campo pouco procurado por profissionais da área, contudo é solicitada por Universidades, Institutos de Pesquisa e Embrapas. Saber realizar a identificação em nível de espécie é um diferencial institucional. 

Identificação e descrição 

A descrição das espécies é uma consequência de um trabalho mais amplo realizado no laboratório, que se concentra nas linhas de pesquisa de biotecnologia na produção primária de alimentos; tecnologia e ambiente; ecologia e bases ecológicas; e eficiência produtiva na agroindústria.

“Não é possível construir conhecimento e publicar informações científicas sem ter a descrição da espécie. No Rio Grande do Sul acabamos nos deparando com  espécies novas e fomos forçados a nos especializar nessa área, pois precisávamos dessas descrições”, explica Ferla. Então checar se a literatura científica registra a espécie é o primeiro passo. 

As demandas das empresas e órgãos de pesquisa que recorrem à expertise do Laboratório de Acarologia da Univates são a identificação de espécies, a descrição de novas espécies de animais e o suporte para conhecer ácaros predadores que possam ser utilizados nos processos de controle de ácaros-praga. Em geral, o processo inicia da mesma forma, com a coleta de folhas, frutos, amostras de solo ou plantas - ou de outras superfícies nas quais os ácaros possam estar. 

Após a coleta, no laboratório as amostras são observadas por meio de um microscópio estereoscópico. Todos os ácaros encontrados são coletados com o auxílio de um pincel muito fino e colocados em uma lâmina de microscopia. Após montada a lâmina seguindo padrões rigorosos de manejo, o objeto contendo os indivíduos fica de cinco a dez dias em uma estufa para a secagem e clarificação dos animais. Na sequência o material pode ser analisado em um microscópio óptico com contraste.

Fonte: Lucas George Wendt / Assessoria de Imprensa