Morreu na manhã desta sexta-feira, 29, o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein aos 63 anos. O portal Catraca Livre, do qual era fundador, informou que Dimenstein faleceu enquanto dormia de complicações decorrentes de câncer do pâncreas que tratava há nove meses. Ele era casado com Anna Penido e deixou dois filhos e um neto.
Nascido em São Paulo, em 28 de agosto de 1956, Dimenstein era filho de um pernambucano de origem polonesa e de uma paraense de ascendência marroquina. Formado em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero, passou a maior parte da carreira no jornal Folha de S.Paulo, onde trabalhou por 28 anos. Também foi comentarista da rádio CBN e em 2009 fundou o portal Catraca Livre com a proposta de divulgar eventos culturais gratuitos na cidade de São Paulo.
Ao longo da carreira, ganhou dois prêmios Esso de jornalismo e um Jabuti, em 1993, pelo livro Cidadão de Papel, contemplado como melhor da categoria não ficção. Recebeu ainda o Prêmio Nacional de Direitos Humanos e o Prêmio Criança e Paz do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
Nas últimas entrevistas, Dimenstein revelou como a luta contra o câncer tinha mudado algumas de suas percepções sobre a vida. “O câncer me fez viver uma história de amor que eu pensava que jamais poderia viver”, disse em entrevista ao portal UOL, em março, sobre nível de cumplicidade que a relação com a esposa tinha chegado nos últimos meses. A partir dessas reflexões, pretendia lançar o livro Os Melhores Dias da Minha Vida.
Apesar do drama pessoal, o jornalista vinha demonstrando pelas redes sociais grande preocupação com os efeitos da pandemia do novo coronavírus no país. Em abril, informou que havia aberto mão dos próprios rendimentos para manter os salários do Catraca Livre. “Abri mão de 100% dos meus rendimentos para evitar demissão de funcionários. Não é heroísmo. Consigo viver muito bem com minha aposentadoria. Duro é viver sem é da companhia de profissionais dedicados e competentes, socialmente comprometidos”, declarou pelo Twitter.
Agência Brasil