A empresa gestora Delta Tankers Ltd, do petroleiro grego Bouboulina, "principal suspeito", segundo as autoridades brasileiras, pelo derramamento de óleo que atingiu o litoral do Nordeste, negou neste sábado estar envolvida nessa poluição.

O navio, que fazia o trajeto Venezuela à Malásia, "chegou ao seu destino sem problemas durante a viagem e descarregou toda a sua carga sem perdas", afirmou um comunicado da empresa.

A Delta Tankers afirma que uma busca completa em material nas câmeras e sensores de todos as suas embarcações não revelou evidências de que o navio "tenha parado para fazer qualquer tipo de operação entre dois navios, vazado óleo, desacelerado e desviado do seu curso, na passagem da Venezuela para Melaka, na Malásia".

A empresa reiterou que o navio partiu da Venezuela em carga em 19 de julho, indo diretamente, sem paradas em outros portos, para Melaka, na Malásia, onde o navio descarregou toda a sua carga sem falta.

A Delta diz que o material obtido a partir da análise de seus equipamentos de segurança será compartilhado com as autoridades brasileiras quando entrarem em contato com a empresa sobre a investigação, acrescentando que esse contato não foi feito.

Passagem pela Venezuela

Segundo a PF (Polícia Federal), o Bouboulina atracou na Venezuela em 15 de julho, "onde permaneceu por três dias" antes de seguir rumo a Singapura e à África do Sul. O óleo encontrado no litoral do Nordeste é de origem venezuelana, segundo a Petrobras.

A exportação do petróleo pela Venezuela, que tem uma das maiores reservas do mundo, tem sido duramente afetada pela imposição de sanções econômicas pelos EUA, que não reconhecem o governo de Nicolás Maduro. Com as sanções, são poucos os navios-tanque que se arriscam a transportar petróleo venezuelano —ao menos formalmente.

De acordo com informações disponíveis no site da Delta Tankers, empresa dona do Bouboulina, o navio foi construído em 2006 e capacidade bruta de carregamento de 84,8 mil toneladas.

Hoje, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) disse que tomou todas as medidas que podia. Ambientalistas criticam a demora do governo em reagir aos vazamentos. "Todas as medidas que nós pudemos tomar na época foram tomadas", disse.

"Tenho que conversar com o Bento [Albuquerque, ministro das Minas e Energia], com o [ministro do Meio Ambiente, Ricardo] Salles e com o general Fernando [Azevedo e Silva, ministro da Defesa]. Tenho que conversar com os três. São eles que vão decidir passo a passo", disse em referência aos ministros de Minas e Energia, Meio Ambiente e ao ministro da Defesa.

"Uma vez identificado e comprovado, tem a legislação nossa, tem a legislação internacional no tocante a isso também. Lá atrás, vocês devem lembrar, para transporte de petróleo, vários países fizeram a exigência que os navios tivessem casco duro para evitar um acidente. Essa legislação é complexa e eu prefiro não falar sobre ela", disse Bolsonaro. (Com AFP e Reuters).

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