O menor preço médio por metro quadrado está em Aracaju, com R$4.957, seguida de Teresina, Natal, e São Luiz
A Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (ABRAINC), em parceria com a Brain, empresa de inteligência estratégica do mercado imobiliário, realizaram, no último dia 13 de julho, um webinar para entender as expectativas do mercado imobiliário no Nordeste. A convite das instituições, representantes de construtoras e incorporadoras da região participaram do evento online, onde também foram divulgados dados do desempenho do mercado nos últimos anos.
Na ocasião, foram analisados dados macroeconômicos importantes à realidade nacional, que vêm condicionando e direcionando as escolhas empresariais no setor imobiliário. Focados na performance do Nordeste, que no primeiro trimestre de 2023 representou 11,9% das ofertas finais do mercado nacional, os representantes da ABRAINC e da Brain entrevistaram os empresários para saber o que esperam para o próximo semestre.
Sobre os lançamentos realizados este ano, as unidades lançadas nas capitais nordestinas no primeiro trimestre de 2023 correspondem a 13,1% do total registrado entre as capitais brasileiras. Ao todo, foram lançadas 31.013 unidades e vendidas 35.732 entre janeiro e março.
Fortaleza foi a capital do nordeste que mais lançou unidades (22,9%), seguida de Salvador (21,8%), e João Pessoa (16,3%).
O maior preço médio por metro quadrado privativo está em Maceió: R$10.537 por metro quadrado. Seguido de Fortaleza (R$ 9.701) e Recife (R$9.495).
O menor preço médio por metro quadrado está em Aracaju, com R$4.957 por metro quadrado, seguida de Teresina, Natal, e São Luiz, que também registram baixa no preço do metro quadrado, em comparação com as demais capitais.
Para o CEO da empresa CV CRM, Fábio Garcez, um dos fatores que interferem neste preço de mercado é a digitalização do processo de venda.
“Sergipe possui uma praça extremamente digitalizada, e quando as incorporadoras deixam de gastar com estrutura e burocracia, acabam conseguindo refletir isso no preço final”, defende.
O CV CRM já transacionou mais de 180 milhões em vendas e administra mais de 9 milhões de leads através da sua plataforma que reúne dezenas de soluções digitais para o setor imobiliário.
Reaquecimento do setor
Além dos dados do mercado regional, os participantes do webinar da ABRAINC e Brain, ainda demonstraram otimismo na análise dos dados macroeconômicos do Brasil.
Segundo Renato Lomonaco, da ABRAINC, o primeiro semestre de 2023 já apresenta melhoras, em comparação ao último semestre de 2022. “Tivemos o arcabouço fiscal aprovado, a melhora do PIB graças a Agropecuária, e o dólar mais baixo no último ano e meio. A mudanças no Programa Minha Casa Minha Vida também soam como positivas, visto o folow-on de duas empresas importantes do setor na Bolsa de Valores recentemente”, analisa.
Apesar da queda do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) ter registrado queda de -73% entre novembro de 2022 e junho 2023, a taxa Selic, que corresponde aos juros básicos da economia, não acompanhou a tendência, e se manteve entre 13,5% e 13,8% no último ano. Por outro lado, é grande a expectativa de diminuição dos juros pelo Banco Central por parte do governo e de diversos setores da economia.
Segundo analistas, a alta da Selic manteve a janela de captação fechada para construtoras e incorporadoras na B3 nos últimos meses, mas o cenário mudou recentemente. A MRV fechou na última semana uma oferta de ações para levantar R$ 1 bilhão, e a Direcional já havia captado R$ 429 milhões em outro follow-on no setor.
A expectativa na queda da taxa básica de juros pelo Banco Central é apontada como um dos fatores da retomada do apetite ao risco, mas o principal motivo apontado são as mudanças no programa Minha Casa Minha Vida, que ganhou limites maiores.
Uma das principais mudanças comemoradas pelo setor foi a ampliação do valor máximo dos imóveis, que subiu de R$ 264 mil para até R$ 350 mil na faixa três, para famílias com renda de até R$ 8 mil. Programa também passa a ter taxas de juros mais baixas nas Faixas 1 e 2; e aumento do valor máximo do subsídio do FGTS.
Segundo a Caixa, em 2023, a meta é a contratação de 440 mil unidades no MCMV com recursos do FGTS, contra 380 mil no ano passado. Já foram contratadas até julho deste ano 220 mil.
Para Fábio Tadeu, da Brain, a nova realidade do MCMV muda o padrão de imóveis do nordeste, e as incorporadoras poderão se dedicar a suprir a necessidade de novos mercados. “O aumento dos valores dos imóveis colocará no mercado novos padrões de empreendimentos, abrindo um leque de oportunidade, destaca.
De acordo com Diego Villa, da incorporadora Moura Dubeux, a empresa segue confiante para o segundo semestre. “Ao olhar o comportamento do mercado nos últimos 12 meses, vemos que em dezembro houve uma melhoria, seguida de um aumento de vendas no segundo trimestre. Acredito que o próximo passo é a queda da Selic, que influenciará na vontade de empreender”, opina.
Participaram ainda do webinar: Andrea Coelho, da Marquise; João Ximenes, da Diagonal Victa; Luciano Barreto, da Stanza; e Paulo Nunes, da JotaNunes.
Por Flávia Sofia / Jornalista / CV CRM