Na semana em que o Ministério da Saúde inicia a campanha de reforço da vacina contra covid-19 em idosos, o país também chega ao patamar de 93% deste grupo (27,7 milhões de indivíduos) com a imunização completa (duas doses ou dose única).
Segundo dados do LocalizaSUS, compilados pelo R7 nesta segunda-feira (13), 95,3% (29,8 milhões) dos brasileiros acima de 60 anos tomaram ao menos uma dose ou a dose única.
Todavia, ainda há 1,45 milhão de pessoas com mais de 60 anos que não tomaram uma dose sequer, número que corresponde a 4,65% dos 31,2 milhões de idosos que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estima que haja no país.
Na faixa etária entre 75 e 79 anos, 5,38% estavam sem nenhuma dose (201 mil). Acima de 80 anos, são 243 mil que não estão vacinados.
Para a médica Flávia Bravo, diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações), ainda que com este percentual de faltantes, o patamar de cobertura vacinal atingido entre os idosos "é excelente".
"Isso é meta que a gente tem para todas as vacinas. Sabemos que sempre existem aqueles que se recusam e que são irredutíveis, mas quando você tem uma taxa de 95%, você fica muito contente."
Há um mês, eram 1,78 milhões (5,7%) sem a primeira dose ou dose única, o que mostra que 330 mil idosos se vacinaram nas últimas semanas.
Para Flávia, é fundamental que o Ministério da Saúde tenha campanhas educativas para convencer aqueles que ainda estão hesitantes sobre a vacinação contra covid-19.
É necessário, na avaliação dela, usar a alta cobertura vacinal dos idosos "como bandeira para estimular a vacinação daqueles que se recusam nas outras faixas etárias".
Os idosos foram as principais vítimas da covid-19 no ano passado. Entre 70% e 80% de todas as mortes ocorriam entre pessoas maiores de 60 anos.
A vacinação reverteu este cenário, fazendo com que as internações e óbitos caíssem significativamente na metade do ano, embora os estados de São Paulo e Rio de Janeiro tenham detectado um leve aumento em julho.
Especialistas avaliam que isso pode ter ocorrido pela perda da imunidade conferida pela CoronaVac, vacina mais usada nos idosos.
Por isto, o Ministério da Saúde passou a recomendar o reforço em indivíduos acima de 70 anos que tenham recebido a segunda dose há mais de seis meses.
50 a 59 anos
A alta cobertura vacinal observada nos idosos não é a mesma quando se analisa a faixa etária entre 50 e 59 anos.
Entre os 24,2 milhões de brasileiros neste grupo, cerca de 2,4 milhões (9,89%) não tomaram uma dose sequer — quase o dobro em relação aos idosos.
Enquanto os jovens estão demonstrando mais interesse pela vacina, Flávia Bravo ressalta que são justamente os adultos mais velhos que tendem a ser "refratários".
"Cabe às autoridades de saúde ficar fazendo essa análise, porque para cada grupo você tem que adotar uma estratégia diferente muitas vezes."
As causas da não vacinação vão desde fake news até falta de tempo, acrescenta a médica.
"A questão da recusa é trabalhada por comunicação. Das pessoas que se recusam ou que não foram vacinadas, é claro que tem os que se recusaram mesmo, mas alguns são hesitantes — ele não sabe bem se confia ou se não confia. Esta população, com uma comunicação adequada, você consegue reverter."
A diretora da SBIm também chama atenção para possíveis margens de erro nos números que podem acontecer, seja pelas projeções populacionais do IBGE — o país não tem Censo Demográfico desde 2010 — ou até por falhas na transmissão dos dados das secretarias municipais para os sistemas do SUS.
Até esta segunda-feira, o Brasil tinha 72,8 milhões de pessoas completamente vacinadas contra a covid-19 — 46% dos adultos ou 34% da população total.
Ainda restam 20,3 milhões de pessoas com mais de 18 anos para receber a primeira dose. Na quarta-feira (15), o ministério enviará aos estados o último carregamento de vacinas para concluir esta etapa.
Fonte: R7