No dia 14 de março foi registrado o primeiro caso de covid-19 na capital sergipana e, de lá para cá, os números têm aumento, consideravelmente, apesar de todas as medidas adotadas pela Prefeitura de Aracaju, mesmo antes da confirmação do primeiro caso da doença na cidade. Nesta segunda-feira, 15, três meses depois, já são 8.193 casos confirmados de covid-19, doença que já levou a óbito, na capital, 149 pessoas.

Os dados fazem parte do boletim epidemiológico da doença, na cidade, divulgado diariamente pela Secretaria da Saúde de Aracaju (SMS). Atualmente, 224 pessoas que testaram positivo para a doença estão internadas, na rede pública e privada da cidade, e a taxa de ocupação dos leitos chegou a 61% neste domingo (14). Outras 119 pessoas também estão internadas, porém aguardam resultado do diagnóstico.

Na semana passada, a Prefeitura renovou o decreto de combate ao coronavírus até o dia 17 de junho, com a suspensão do funcionamento dos serviços não essenciais e das atividades que geram aglomerações, além de assegurar a obrigatoriedade do uso de máscaras pela população e a redução da frota do transporte público. Assim, continuam em vigor as medidas que proíbem o funcionamento do comércio em geral, shoppings centers, cinemas, teatros, academias e casa de shows. Eventos em locais públicos e a utilização de áreas de lazer também permanecem desautorizados. Fazem parte do pacote de medidas restritivas a suspensão das aulas em escolas, faculdades e universidades das redes pública e particular de ensino, até o dia 30 de junho.

“É preciso que exista um esforço conjunto. Estamos trabalhando muito para ampliar a estrutura de saúde, com a abertura de leitos de retaguarda e com a contratação de profissionais, para prestar um bom atendimento a quem precisa, para dar dignidade ao aracajuano que tem buscado pelas nossas unidades neste momento de pandemia, mas a população precisa fazer a sua parte e entender a importância do distanciamento social. Paralelo a esse trabalho de estruturação da nossa rede, temos trabalhado para que a nossa economia seja retomada, para a reabertura gradual e lenta das nossas atividades, mas para isso, também se faz necessário o envolvimento da sociedade. Por isso é preciso que façamos um pacto para que, aos poucos, possamos voltar à rotina. Não como antes, porque sabemos que não será possível em virtude da pandemia, mas voltar ao nosso novo normal, com base em critérios rígidos, estabelecidos no nosso plano, que já está pronto”, afirmou o prefeito Edvaldo Nogueira nesta segunda-feira, 15, ao propor um pacto com a sociedade aracajuana para o efetivo combate ao novo coronavírus.

Outro dado sobre o qual a Prefeitura tem se debruçado é o de números de casos por bairro, como explica a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza. Diante da gravidade da doença, ela reforça o alerta de que a principal recomendação para o enfrentamento ao coronavírus é o isolamento social, sobretudo em uma cidade que registra taxas de isolamento abaixo dos 40%.

“Algumas localidades da nossa capital já acumulam mais de 500 casos, os bairros Farolândia e Jabotiana. Fazendo uma análise da primeira semana de junho, alguns bairros tiveram um aumento do número de casos novos acima de 30%. Chamou a atenção os bairros América, Jardim Centenário, onde esse aumento foi superior a 40%. Quando nós fazemos uma análise do isolamento social nesses bairros, fica claro que todos eles têm um índice abaixo dos 40%, que foi a média da última semana na nossa capital. Isso mostra que há uma relação entre o índice de isolamento social e o aumento do número de casos”, destaca.

Ações
Em Aracaju, as ações voltadas para o enfrentamento ao coronavírus começaram a ser tomadas em fevereiro, ou seja, antes da confirmação do primeira caso da doença na cidade. O ponto de partida foi a elaboração do Plano de Contingência, fundamental para nortear o trabalho da Prefeitura. A partir dele, as ações foram sendo efetivas e ampliadas.

O Plano foi apresentado no dia 2 de março e, no dia 15, a Prefeitura suspendeu toda a programação do aniversário da cidade. No dia 16, Aracaju foi uma das primeiras cidades a decretar o isolamento social. Logo na sequência, foram estabelecidas oito unidades de saúde exclusivas para o atendimento de pacientes com síndromes gripais, evitando que as pessoas suspeitas tivessem contato com os demais pacientes e, ao mesmo tempo, deu-se início a preparação dos leitos de retaguarda e de estabilização.

Ao mesmo tempo, a gestão passou a atuar em várias frentes. Desta forma, foram adquiridos, antecipadamente, equipamentos de proteção individual para os profissionais de saúde, as áreas públicas passaram a ser desinfetadas com hipoclorito de sódio, começou a ser realizado o trabalho de conscientização dos aracajuanos, máscaras passaram a ser distribuídas nos terminais de integração. A Prefeitura também já realizo duas entregas do kit de alimentação para os 32 mil alunos da rede municipal e distribuiu mais de cinco mil cestas básicas para famílias em situação de vulnerabilidade social.

Desde os primeiros passos, todas as decisões tomadas foram pautadas na ciência e em dados técnicos, tanto é que, periodicamente, prefeito e gestores municipais se reúnem virtualmente com entidades de saúde e com professores da Universidade Federal de Sergipe, grandes colaboradores da Prefeitura no enfrentamento ao vírus.

MonitorAju
Além disso, a Prefeitura, do forma criativa e planejada, passou a disponibilizar o MonitorAju, serviço implantado em março e que tem por finalidade orientar a população sobre o coronavírus e monitorar os casos suspeitos e confirmados. O serviço já contabilizou, do período de implantação até o momento, mais de 20,5 mil atendimentos.

São três fontes de informação que compõem o MonitorAju: via telefone, ou seja, pelo canal de atendimento 0800 729 3534; pelo site www.aracaju.se.gov.br/monitoraju; e no aeroporto da capital, onde é feito o cadastro dos passageiros que desembarcam.

Assistência Social

A Prefeitura também passou a disponibilizar quatro espaços para acolher as pessoas em situação de rua na capital, para mantê-las resguardadas. Nos abrigos, a administração municipal garante toda a estrutura necessária para que os assistidos tenham conforto, alimentação e higiene, além de cuidados com a saúde. Atualmente, 85 pessoas estão em situação de acolhimento no Centro DIA, Escola Freitas Brandão, Cras Terezinha Meira e Centro Espírita Laura Amazonas, locais onde são disponibilizados materiais de higiene e limpeza, como sabonetes, creme dental e escova de dentes, roupas, toalhas, lençóis, cobertores, álcool, além de colchões, assim como orientações sobre os cuidados necessários para o enfrentamento do novo vírus. São oferecidas, também, três refeições por dia: café da manhã, almoço e janta.

Hospital de Campanha
Com capacidade para 152 leitos, dos quais 60 já estão ativos, o Hospital de Campanha (HCamp) Cleovansóstenes Pereira Aguiar tem sido fundamental para garantir uma média de ocupação de leitos municipais em torno de 50%, evitando o colapso da rede de saúde da capital.

A construção e funcionamento do Hcamp seguem as diretrizes do Ministério da Saúde (MS). O governo federal estabelece que essas unidades provisórias devem ser montadas para atender a pacientes com sintomas respiratórios de baixa e média complexidade, funcionando como retaguarda clínica para unidades hospitalares permanentes que possuam Unidade de Terapia Intensiva (UTI), casos que, na pactuação com o Estado, ficaram sob a responsabilidade do município.

A equipe responsável por atender aos aracajuanos é composta por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais e técnicos de enfermagem. Todos os profissionais contratados estão sendo capacitados para abordagem, identificação, manejo clínico e tratamento de pacientes com covid-19, conforme Protocolo do Ministério da Saúde. Além disso, com disponibilidade suficiente de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), a Saúde de Aracaju também assegura esse insumo a todos os seus profissionais.

Fonte: PMA