Tempos atrás, sentir uma dor de cabeça constante podia ser sinal de enxaqueca, a ser tratada em casa. Desde o início de 2020, com a chegada do novo coronavírus, a cefaleia já não deve ser considerada algo simples, assim como sinais de coriza, espirros prolongados, tosse ou mesma uma irritação na garganta.
Estes são alguns dos sintomas leves e mais comuns da covid-19, doença causada pelo vírus, e que, segundo especialistas, não podem deixar de ser desconsiderados e, portanto, também exigem orientação médica e a submissão para a possível detecção da doença.
Além da questão da orientação médica, o diagnóstico correto é de extrema significância já que é através dele que o devido tratamento e monitoramento serão realizados, contribuindo, inclusive, para o controle da proliferação do vírus. É o que alerta a infectologista da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Fabrízia Oliveira.
“É importante destacar que, em muitos casos, no início, os sintomas podem ser leves, no entanto, no começo da segunda semana de infecção, período de maior atenção do quadro clínico, podem surgir sinais de piora. Por isso, orientamos que, qualquer pessoa que apresente sintomas, principalmente respiratórios, existe, sim, a possibilidade de ser a covid", frisa a especialista.
Nesses casos, orienta Fabrízia, a primeira atitude a ser tomada quando surgir dor de cabeça, tosse, dor de garganta, febre, dor no corpo, espirro, com ou sem congestão nasal, é procurar um serviço médico para ser avaliado, "para ser estratificado, ver critérios de maior ou menor gravidade, ser orientado de forma apropriada e ser submetido à coleta do swab [RT-PCR], que é o exame confirmatório”.
Além de ser de extrema importância para o devido tratamento dos pacientes, o exame é, ainda, uma significativa ferramenta para orientar as ações da administração municipal, já que é com base nos números e estatísticas que a Prefeitura pode melhor planejar e, consequentemente, assistir a população de forma mais eficaz.
“Muitos, hoje, ficam amedrontados de procurar uma unidade de saúde, mas, orientamos, principalmente as pessoas com sintomas, que elas precisam ser diagnosticadas, precisamos monitorar essas pessoas, sobretudo no acompanhamento médico, na evolução clínica desse paciente. O diagnostico é primordial”, completa a infectologista.
Fabrízia chama a atenção ainda para outro ponto. “Estamos num momento de sazonalidade, de outras viroses, então, precisamos que os pacientes sejam submetidos ao exame para que descartemos a covid ou não, e para que o paciente seja acompanhado de forma mais apropriada de acordo com o seu quadro clínico”, explica.
De acordo com a infectologista, já foram registrados sintomas para além dos comumente informados e é preciso dar atenção a eles.
“Sabemos que existem receptores para o SARS-CoV-2, o novo coronavírus, em diversos órgãos, no sistema nervoso central, sistema digestivo, cardiovascular, então, existe a possibilidade de quaisquer órgãos desses sistemas (coração, rins, cérebro, etc.) serem acometidos. Temos visto as sequelas com diversos graus de comprometimento. Assim, até pessoas com sintomas mais leves, orientamos que procure o atendimento médico, que seja avaliado”, reitera a especialista.
Imunidade coletiva
Mesmo sendo um passo determinante para pôr fim à pandemia, a vacinação, na fase em que está, ainda não tem a condição de garantir a total tranquilidade de todos, e a infectologista é enfática ao esclarecer este ponto.
“Para que consigamos atingir a imunidade coletiva, será necessário vacinar mais de 70%, por isso, ainda não estamos no momento de relaxar as medidas preventivas. Temos visto, com o início da campanha de vacinação, uma percepção de que já finalizamos o período de pandemia ou que não precisamos mais tomar as medidas de precaução, mas é uma falsa sensação de segurança. Para que a vacina seja realmente eficaz, ela precisa que grande parte da população esteja vacinada para que exista a eficácia garantida", enfatiza.
Além disso, continua a infectologista, a vacina não garante a esterilização, ou seja, a não transmissão do vírus, "ela protege contra o adoecimento, a morbidade". "Portanto, temos que manter todas as medidas orientadas”, pontua Fabrízia ao acrescentar que “o isolamento social faz parte das medidas que devem permanecer, junto com o distanciamento, junto com a lavagem constante das mãos, uso correto de máscara e álcool em gel”.
No caso do isolamento, Fabrízia explica a especificidade do caso. “É uma indicação médica para que aqueles adoecidos e seus contactantes fiquem isolados, ou seja, evite contato com outras pessoas, para que seja quebrada a cadeia de transmissão. Durante o período de possibilidade de transmissão, a gente pede que as pessoas, sejam os doentes ou os seus contatos, evitem o convívio social. Quebrando a cadeia de transmissão, obviamente, diminuímos o número de casos, diminui a sobrecarga do sistema de saúde e também as mortes por covid”.
Fonte: PMA