Apesar de ter o pulmão como principal alvo, a covid-19 se mostrou uma doença sistêmica capaz de afetar diversos órgãos. Ela gera uma inflamação em todo o organismo - principalmente nos casos mais graves - que pode deixar sequelas ou trazer à tona doenças silenciosas, como a pressão alta e o diabetes.
O cardiologista Hélio Castello, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, explica que a covid-19 não causa essas doenças, mas pode fazer com que elas saiam de um estado latente e comecem a dar sinais de existência no organismo de quem teve.
"Pode ser uma pessoa com predisposição para a hipertensão. Quando ela teve a infecção, houve uma descompensação do organismo, por causa de uma série de alterações desencadeadas pela covid-19, e o aparecimento de uma doença que estava latente", detalha.
A pressão alta e o diabetes, inclusive, colocam os indivíduos no grupo de risco da covid-19, conforme lembra o médico.
O especialista destaca ainda que a hipertensão é uma doença crônica que, de início, é discreta. Por essa razão, pode ser imperceptível. "Vai aumentando muito lentamente. Então, o organismo vai se adaptando e a pessoa não percebe", descreve.
Em um adulto, a média normal de pressão arterial é de 120 mmHG milímetros de mercúrio para sístole (contração do coração) e de 80 mmHG para diástole (relaxamento do coração). "Quanto mais jovem [a pessoa], mais baixa tende a ser a pressão. A partir dos 40 anos de idade uma pressão de 13/9, normalmente considerada alta, é aceitável", afirma Castello.
De acordo com ele, ter familiares hipertensos, em especial pessoas próximas - como mãe, pai e irmãos - é o fator de risco mais importante para a doença. Por isso, é preciso ter atenção redobrada aos primeiros sintomas, que incluem dor de cabeça, perda de fôlego, cansaço, inchaço discreto nas pernas, visão embaçada e muita vontade de urinar, principalmente à noite.