Casos de covid-19 entre famosos com mais de 80 anos tomaram o noticiário nas últimas semanas, nesta sexta-feira (13) foi a vez de Silvio Santos, de 90 anos, ser internado com a doença. Segundo a família do apresentador, que já foi vacinado, ele está clinicamente bem e foi internado para ser acompanhado pelos médicos, por causa da idade avançada.

Na quinta-feira (12), o ator Tarcísio Meira, de 85 anos, morreu de covid-19 após ter ficado internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva); sua esposa, a atriz Glória Menezes, de 86, também foi diagnosticada com a doença, mas não evoluiu para um quadro grave. Ambos receberam as duas doses da vacina. 

Esta faixa etária foi uma das primeiras a serem vacinadas contra a covid-19 no Brasil, em fevereiro deste ano, e concluíram a imunização com as duas doses antes do fim do primeiro semestre. Vale destacar que nenhuma vacina em aplicação no mundo é capaz de evitar o contágio e a transmissão do coronavírus, mas protege contra casos graves e mortes.

Por outro lado, nenhum dos imunizantes é 100% eficaz e, eventualmente, algumas pessoas imunizadas, sobretudo idosas, ainda podem ser acometidas gravemente pela doença, conforme explica o geriatra Natan Chehter, do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Isso ocorre porque o envelhecimento do sistema imunológico reflete diretamente na produção de anticorpos impulsionada pela vacina. Segundo o especialista, pessoas em idade avançada costumam produzir menos anticorpos e estes, por sua vez, atuam de maneira menos eficiente no organismo.

“O sistema imune dos idosos é mais lento em dar sua resposta, então o pico acontece, em geral, de forma retardada em relação aos jovens. Até o idoso conseguir fazer uma resposta mais eficaz demora um pouco mais de tempo e eventualmente prejudica [a recuperação], além do próprio envelhecimento do pulmão”, explica o médico.

Além disso, o envelhecimento do sistema respiratório também confere um pouco mais de gravidade às infecções respiratórias em pessoas idosas. Chehter explica que há uma estrutura dentro das células do pulmão que funciona como pequenas pás que retiram o muco produzido pelos brônquios. No caso dos idosos, esse movimento de limpeza é prejudicado e um pouco menor, o que faz com que eles lidem com mais dificuldade com as secreções.

“No momento em que os brônquios estão inflamados, com o pulmão sob ação de um vírus, a resposta normal deste órgão encontra dificuldade para lidar com os produtos da inflamação, com o muco e as secreções. Isso faz com que o idoso possa persistir mais em sintomas e se recuperar de forma mais lenta”, afirma o geriatra.