A OMS (Organização Mundial da Saúde) avalia que a pandemia do novo coronavírus no Brasil segue crescendo de forma acelerada, com a chamada curva de contágio se achatando sem apresentar sinais de queda. Isso significa que a transmissão do vírus se mantém em uma taxa muito alta, o que é preocupante em termos de controle da doença e pressão sobre os sistemas de saúde.

"Há vários indicadores mostrando que o Brasil segue com transmissão comunitária continuada", afirmou o diretor do Programa de Emergências em Saúde da OMS, Michael Ryan. Isso significa que os novos casos surgem "espalhados" por toda a área geográfica em questão, no caso, o país inteiro, não se tratando de surtos localizados.

 

Ryan também avaliou que a curva de contágios brasileira se estabilizou em um patamar muito alto, sem apresentar indícios de queda. "Mesmo que o número de casos esteja crescendo na casa dos 10% por semana, quando você olha para os números de base, isso é muito [em termos de número de novos casos diários]", comentou.

No fim de semana, o Brasil ultrapassou a marca de 100 mil mortes provocadas pela covid-19 e alcançou 3 milhões de casos confirmados.

Ryan chamou atenção, ainda, para a pressão sobre o sistema de saúde, lembrando que muitas regiões apresentam índices de ocupação de leitos acima de 80% e até de 90% em unidades de terapia intensiva.

'Hidroxicloroquina não é solução'

Questionado sobre como o país pode enfrentar esta situação alarmante, o diretor da OMS primeiro parabenizou os profissionais da saúde. "É preciso dar um tremendo crédito. Estão trabalhando há meses em uma situação de extrema pressão", disse.

Depois, foi bastante direto ao avaliar as contínuas afirmações do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, sobre o uso da hidroxicloroquina. "Com todo respeito, a hidroxicloroquina não é a solução e não é a bala de prata [para a pandemia]. Está dentro da soberania do país decidir qual o melhor tratamento e qual a melhor conduta clínica, mas não há nenhuma comprovação de que este seja um tratamento efetivo para a covid-19."

Os especialistas da OMS reforçaram que o combate à pandemia exige compromisso comunitário, ou seja, engajamento de toda a população nas medidas de proteção. "Mas é difícil agir como uma comunidade se voc nao tem apoio", avaliou Ryan. "É preciso empoderar as pessoas com meios e conhecimento."

Fonte: R7