Um comportamento muito comum que se vê nos últimos dias, em postos de vacinação contra o coronavírus, é o chamado “sommelier de vacina”, nome que faz referência aos profissionais especializados em produtos como queijos e vinhos. Esses usuários vêm peregrinando pelos postos em busca de doses da Pfizer/BioNTech, a ponto de recusar a aplicação das doses de Coronavac e Oxford/Astrazeneca, mais disponíveis no Brasil e que têm a fabricação autorizada no país. É uma atitude que vem sendo encarada com preocupação pelas autoridades e pelos médicos.
De acordo com a infectologista Gilmara Carvalho Batista, professora assistente do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), a prática de “escolher vacinas” compromete os esforços de vacinação e atrasa mais o alcance da imunização mínima suficiente para frear a circulação do vírus. “Importante frisar que a vacina é o nosso único recurso no momento para diminuirmos o adoecimento pela Covid-19, e assim podermos voltar aos poucos à nossa vida normal. Um novo estudo foi lançado mostrando que, quando mais de 75% da população fica imunizada, o ritmo de adoecimento reduz a necessidade nas unidades de saúde e nas filas de UTIs. Essa escolha de vacina não é prudente num país como o nosso, onde temos um ritmo de vacinação muito reduzido”, afirmou.
Esse atraso também pode provocar, a partir da continuidade de transmissão, a criação de novas variantes do coronavírus, com maior capacidade de contaminação e de deterioração do organismo. Foi o que aconteceu na Índia, na África do Sul e no estado do Amazonas, aqui no Brasil. Isso tem se somado às notícias falsas e campanhas de desinformação promovidas por simpatizantes do “movimento antivacina”, que questionam a eficácia dos imunizantes.
Para além das fake news, muitas pessoas têm alegado receio de efeitos colaterais, como dores de cabeça e no corpo, que vêm sendo reclamadas por pessoas que já tomaram a primeira dose da Astrazeneca. “Devido aos efeitos colaterais que ocorrem principalmente nas primeiras 48 horas pós vacinal, eles ficam receosos de tomar a vacina e começam a fazer peregrinação entre as unidades de saúde para poder encontrar a Pfizer, que seria a vacina que no momento tem mais disponibilidade e com menos efeitos”, explica Gilmara, referindo-se ao que vem acontecendo.
O extremo disso já apareceu em Santa Catarina, onde alguns médicos estariam assinando atestados indicando a aplicação da vacina da Pfizer. Isso levou o governo estadual e algumas prefeituras a fazerem campanhas de esclarecimento para reafirmar a segurança e a eficácia das três vacinas (Pfizer, Coronavac e Astrazeneca) autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Gilmara frisa que as três marcas de vacina passaram por um rigoroso processo de análise antes da liberação.
“Isso com garantia da qualidade, eficácia e segurança nas três, para as melhores práticas e com os melhores resultados. Eles têm o cuidado de ver todas as características do produto, os resultados dos estudos pré-clínicos e clínicos, as evidências científicas disponíveis em relação aos produtos, os resultados provisórios e os ensaios clínicos que atendam aos critérios de eficácia e segurança para aquelas vacinas que estão sendo liberadas à população. Se a Anvisa libera, é porque essa vacina tem eficácia e efeitos que vão trazer a imunidade necessária para minimizar o risco de adoecimento na população”, garante a professora.
Gilmara ainda chama a atenção para a necessidade de uma melhor comunicação das autoridades e profissionais de saúde, esclarecendo e fazendo entender que todas as vacinas aprovadas pela Anvisa são seguras e eficazes. “O mais importante agora é que todos estejam vacinados, independente da vacina”, orienta a médica, destacando que os benefícios alcançados pelas três vacinas são infinitamente maiores que os riscos.
Fonte: Assessoria de Imprensa | Unit