O 3º sábado do mês de outubro foi instituído como Dia Nacional de Combate à Sífilis e à Sífilis Congênita por meio da Lei nº 13.430/2.017 e tem como objetivos estimular a participação dos profissionais e gestores de saúde na intensificação de atividades, com vistas a enfatizar a importância do diagnóstico e do tratamento adequados da sífilis na gestante durante o pré-natal e da sífilis em ambos os sexos como infecção sexualmente transmissível.
Os dados da Sífilis em Sergipe
Mesmo se tratando de uma doença que tem cura e que pode ser prevenida, vários casos de sífilis, principalmente, em gestantes e em crianças, são registrados anualmente no Brasil. A Sífilis Congênita em Sergipe, tem registros preocupantes: No ano de 2.016, foram 308 casos de crianças que nasceram com sífilis, em 2.017, nasceram 318 crianças, em 2.018, foram 330, em 2.019, foram 484 crianças e, em 2.020, até o momento, já nasceram 391 crianças com sífilis, indicando que este ano, a situação vai ser mais grave. Uma contradição está ocorrendo no nosso estado: enquanto aumenta o número de gestantes e crianças com sífilis, reduz o registro de casos de Sífilis adquirida, indicando falha na detecção da sífilis no adulto. Os municípios com maior registro absoluto de casos de Sífilis em crianças e em gestantes, são: Aracaju, Nossa Senhora do Socorro, Estância, Lagarto, São Cristóvão, Itabaiana e Barra dos Coqueiros. A taxa de detecção da sífilis congênita é também preocupante em municípios menores como Arauá, Feira Nova, Santa Rosa de Lima, Riachuelo, Rosário do Catete, Divina Pastora, Pirambu e Santo Amaro das Brotas.
O que é a Sífilis?
Trata-se de uma infecção causada pela bactéria denominada Treponema Pallidum, podendo ser transmitida através da relação sexual sem o uso do preservativo e durante a gravidez, quando a mãe está infectada e não houve o acompanhamento do pré-natal de forma correta. A evolução da doença, que pode levar até a morte, é lenta e muita vez passa imperceptível.
A sífilis pode se manifestar de várias formas, em diferentes estágios, e pode ser transmitida por relação sexual sem o preservativo, recepção de sangue infectado ou da gestante para o bebê, quando o pré-natal não é feito corretamente.
Um dos sintomas iniciais é a presença de feridas nos órgãos genitais, que desaparecem espontaneamente em alguns dias. A doença tem três estágios, sendo o terceiro (sífilis terciária) o mais grave deles. Caso não haja o tratamento, além das lesões de pele que a pessoa pode vir a ter na sífilis secundária, ela pode evoluir para o terceiro estágio sífilis comprometendo coração e vasos sanguíneos e até lesões no sistema nervoso central.
No caso da mulher, se não tratada corretamente, quando gestante, pode vir a ter o bebê com sífilis - sífilis congênita – quando a doença passa para a criança por meio da placenta. A sífilis congênita pode causar aborto, má formação e várias alterações na criança, indicando que houve alguma falha no pré-natal.
As maiores falhas do pré-natal são: início tardio – mulheres que iniciam o pré-natal já com 4, 5 e até 8 meses de gravidez; diagnóstico tardio da gravidez – adolescentes e mulheres que às vezes estão grávidas e não sabem, confirmando a gravidez, por exemplo, no terceiro mês, iniciando tardiamente o pré-natal; o diagnóstico da gestante com sífilis, muitas vezes ocorre na maternidade, em vez de ocorrer na atenção primária; o parceiro da gestante não participando do pré-natal – às vezes a gestante está com sífilis e faz o tratamento, mas o seu parceiro não aceita se tratar.
O parceiro da gestante também precisa fazer o teste?
É fundamental que o parceiro também se previna, participe do pré-natal, faça o teste e, em caso de resultado positivo, inicie o tratamento imediatamente. Só assim é possível evitar uma nova infecção e garantir a saúde do bebê
Secretaria de Estado da Saúde de Sergipe, lançou uma nota técnica recomendando, como rotina, a solicitação do VDRL ou Teste Rápido para diagnóstico da Sífilis em homens durante as consultas médicas nas instituições de saúde pública e privadas e nos exames periódicos das empresas.
Prevenção à Sífilis Congênita
A prevenção da sífilis no bebê pode ser feita com medidas simples, de baixo custo e altamente eficazes, traduzidas no diagnóstico da sífilis materna e no tratamento adequado da mãe e de seu parceiro sexual, resultando no tratamento simultâneo do feto. O uso do preservativo masculino ou feminino nas relações sexuais durante a gravidez é de grande importância para evitar que a criança venha nascer com sífilis.
A Sífilis favorece a transmissão do HIV
É importante informar à população que a presença de úlceras (feridas) genitais provocadas pela sífilis aumenta em até 18 vezes a possibilidade de transmissão do HIV nas relações sexuais sem preservativo. É mais um motivo para diagnosticar e realizar o tratamento da sífilis o mais rápido possível.
Exames no Pré-natal e tratamento
Na 1ª consulta do pré-natal (idealmente no 1º trimestre). • No 3º trimestre da gestação. • No momento do parto (independentemente de exames anteriores). • Em caso de abortamento. Todas as gestantes e parcerias sexuais devem ser testadas e informadas sobre a prevenção da transmissão vertical. Em caso de gestante, o tratamento deve ser iniciado com apenas um teste reagente, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste. A penicilina benzatina é a única opção de tratamento segura e eficaz na gestação para a prevenção da sífilis congênita, devendo ser administrada na Atenção Primária.
Almir Santana, médico sanitarista