Cada caso de bebê com sífilis indica falha no pré-natal
A sífilis é uma doença infecciosa de transmissão sexual e também da mãe infectada para o filho (Sífilis Congênita). A bactéria denominada Treponema pallidum, quando presente na corrente sanguínea da gestante, atravessa a barreira placentária atingindo o feto. A infecção do feto pode ocorrer em qualquer fase da gestação. O risco de transmissão ao feto varia de acordo com o estágio da doença na gestante.
A sífilis congênita pode se manifestar logo após o nascimento, durante ou após os primeiros dois anos de vida da criança. Na maioria dos casos, os sinais e sintomas estão presentes já nos primeiros meses de vida. Ao nascer, a criança pode ter pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, problemas ósseos e no sistema nervoso e surdez. Em alguns casos, a sífilis pode ser fatal.
A prevenção da sífilis congênita pode ser feita com medidas simples, de baixo custo e altamente eficazes, traduzidas no uso do preservativo nas relações sexuais durante a gravidez, no diagnóstico da sífilis materna e do parceiro sexual, no tratamento adequado da mãe e de seu parceiro sexual. A ocorrência de casos de sífilis congênita revela falhas graves no sistema de saúde. A sífilis congênita é considerada, portanto, um indicador para avaliação da qualidade da assistência à gestante.
Falhas no Pré-natal
São vários tipos de falhas no Pré-natal: nos serviços de saúde, esquecer de recomendar ou de disponibilizar o preservativo nas relações sexuais durante a gravidez, realizar tratamento incorreto da gestante e/ou do parceiro, não realizar a administração da penicilina na própria unidade de saúde. Embora disponível nas unidades de saúde, os testes rápidos nem sempre são disponibilizados, para diagnóstico da sífilis na população geral, nas populações chaves e nas gestantes e parceiros sexuais. Muitos serviços de saúde não estão realizando o estudo dos casos detectados de sífilis nos bebês, para identificação das falhas no pré-natal.
Existem também falhas com relação à própria gestante, como gestantes itinerantes, isto é, mudam de endereço com frequência e a equipe de saúde da família tem dificuldade de acessar para iniciar o pré-natal. Existem gestantes usuárias de drogas, cujo pré-natal é muito difícil. O convite para a participação do parceiro sexual no pré-natal nem sempre e fácil.
Portanto, a realização do pré-natal de forma incompleta ou inadequada, seja pelo início tardio ou por falta de comparecimento às consultas preconizadas, são fatores que contribuem para o aumento dos casos de sífilis nas gestantes e nas crianças.
É necessário que a assistência oferecida no pré-natal cumpra requisitos mínimos: realização das consultas em número e com precocidade recomendados, além de boa qualidade no que diz respeito ao conteúdo, aspecto que tem sido negligenciado.