O senador e pré-candidato ao Governo de Sergipe, Rogério Carvalho (PT), concedeu, na manhã desta segunda-feira, 25, entrevista à Rádio Fan Fm e, ao ser questionado pelo radialista Narcizo Machado sobre como estaria a relação de seu agrupamento com o ex-governador Jackson Barreto (MDB), após anúncio de desistência da disputa pelo Senado Federal nas eleições deste ano, informou que tem mantido diálogo com o emedebista. Segundo o petista, “Jackson tomou a decisão e, agora, estamos aguardando sua posição para saber quem vai apoiar”.

“Nós recebemos a notícia com surpresa, como todos os sergipanos. A surpresa foi ele desistir de sua candidatura em uma condição onde estavam sugerindo dois candidatos. Jackson tomou a decisão e, agora, estamos aguardando sua posição sobre quem vai apoiar e esperamos que seja o mais rápido possível”, afirmou.

Ao ser indagado sobre possíveis convites para que o ex-governador fizesse parte de seu grupo, o senador Rogério Carvalho pontuou que “existem diálogos neste sentido”. “Há conversas no sentido de que ele venha compor o bloco, pela experiência e competência que tem. Porque seria muito importante. Mas tudo que falarmos agora pode não ser concretizado. Precisamos ouvir sua posição. Mas é importante entendermos que quem tem que falar por ele é ele. Ele nos pediu um tempo, mas o partido tem um prazo para publicar o seu edital de convocação e isso tem que ser rápido. Apesar de que, no dia, a convenção definirá como o partido irá seguir. Mas precisamos saber qual a posição real dele para fazer a convocação formal. Esperamos que ele se posicione o mais rápido possível”, explicou.

“Fiz vários contatos para convidá-lo a integrar o grupo original, que nasceu e foi vitorioso e foi muito importante na história de Sergipe. Uma vez que Marcelo Déda, grande articulador político, fez um grande governo e todos conhecem a história. Então essa é uma expectativa que temos. Precisamos, agora, aguardar, Jackson Barreto se posicionar. Só ele pode falar e se manifestar. É um ato de desejo dele para saber com quem ele quer e deseja estar”, acrescentou.

Respeito à história
As ponderações do senador Rogério Carvalho têm relação direta com o respeito à história política do emedebista, tendo em vista que, conforme pontuou na entrevista, o ex-governador é “um grande conhecedor da política sergipana”.

“Precisamos ver qual posição ele vai adotar e qual grupo vai apoiar. Ele ainda não anunciou. Não sabemos se ele vai apoiar Fábio Mitidieri ou a nossa pré-candidatura. Vamos esperar, por questão de respeito a liderança que ele é, e ver o desejo que ele tem, a proposta que ele vai fazer. O dia que ele marcar a sua manifestação, todos saberão, porque tem uma tarefa importante que é se comunicar com a base do governo e definir qual a posição dele em relação a estar ou não na base. A partir daí, teremos condições de ter uma posição mais aprofundada de como ele vai ajudar, se é que tem essa disposição, em nossa caminhada. Ele se posicionando, teremos clareza do que ele deve fazer”, assegurou.

Convenção
Ainda durante a entrevista, o senador Rogério Carvalho comentou sobre o processo de organização da convenção do Partido dos Trabalhadores. De acordo com ele, o evento será na tarde do dia 05 de agosto, na sede do PT, em Aracaju.

“Nossa pré-candidatura foi homologada no último fim de semana, no encontro do PT, o que já estava pré-definido e que, agora, é oficial. Isso nos dá tranquilidade para seguir adiante. Nossa tradição é fazer as convenções entre o dia 04 e 05. Então decidimos que será no dia 05, à tarde, na sede do PT, que vamos finalizar esse processo. Lá, existe a ata com os relatórios das demais convenções, com todos os partidos que devem se somar a gente”, disse.

Vinda de Lula
O senador Rogério Carvalho também revelou sobre como está o diálogo com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em relação à sua próxima vinda a Sergipe, conforme anunciado pelo próprio Lula no encontro realizado no Centro de Convenções de Aracaju, em junho deste ano. “Lula falou que, após a convenção e registro da candidatura, no momento que puder pedir voto, com certeza voltará. Estamos todos na expectativa para que ele defina a data e vir num evento eleitoral, de grande porte, para se juntar ao seu time em Sergipe”, revelou.

Esclarecimento
No último fim de semana, o senador Rogério Carvalho participou, a convite de movimentos sociais e sindicatos, de uma série de atividades que fazem parte do “Manifesto Sergipano Contra a Pobreza e em Defesa da Democracia”, que tem foco na promoção de ações coletivas de enfrentamento à fome e busca conscientizar a população sobre a problemática que assola o estado que, com base em estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), está na quinta colocação do ranking de pobreza do Brasil. Sua presença também foi objeto de questionamento do apresentador, contudo, o petista assegurou que os atos têm relação com os “desmandos do Governo Federal” em relação à ausência de políticas públicas que beneficiem as camadas mais carentes da sociedade brasileira, bem como uma maneira de denunciar as “os ataques de Bolsonaro às urnas eletrônicas, com tentativas de descredibilizar o processo seguro e que é referência mundial”.

“O presidente chamou o Brasil para questionar as urnas eletrônicas e, a partir disso, decidimos nos manifestar publicamente contra essa atitude, porque nos parece uma atitude perigosa de questionar a nossa eficiência eleitoral. Demonstra desespero dele, e isso é muito grave. As urnas foram objeto de debate no Congresso, e perdeu com 70%. Então não tinha mais o que questionar, porque o Congresso é soberano em matéria de emenda constitucional. O povo sabe muito bem que as fraudes e tentativas ficaram no passado. Hoje é impossível alguém fraudar, porque precisa colocar dados e identificação absolutamente pessoais. Então isso nos pareceu algo agressivo à democracia e nos estimulou a fazer ações de denúncias contra essas ameaças à democracia, por isso estamos fazendo atos”, garantiu.

O senador Rogério Carvalho ainda explicou que o ato também tem ligação com o fato de Sergipe ter 48% da população vivendo com até 500 reais. “Isso mostra que a renda do sergipano está muito abaixo do aceitável. Além disso, 40% depende do Bolsa Família, somente 38% tem trabalho e o resto está no desemprego. Somente 14,15% está procurando trabalho e todo o restante não tem mais condição de trabalhar ou é criança e idoso, ou está no campo do desalentado. Temos feito perguntas à população neste sentido e sinto um desespero muito grande, porque existem pessoas com até 10 anos desempregadas, sem investimentos públicos, sem linha de crédito consistente para garantir a manutenção dos pequenos negócios. É uma situação muito ruim e que demonstra a paralisia econômica do Estado”, detalhou.

“Temos uma tarefa muito grande pela frente. As nossas caminhadas não são para pedir voto, porque temos consciência que a legislação é muito clara. Sabemos que qualquer ação diferente disso vai contra à legislação e não temos a intenção de desrespeitar à legislação de forma alguma”, concluiu.