Além da famosa empadinha de aratu, o catado também é utilizado em diversas receitas.

Os frutos do mar são bastante presentes e, por isso, representativos na culinária nordestina. O aratu, em especial, ganhou destaque na receita da tradicional empada do povoado Terra Caída, em Indiaroba (SE), ao ser protagonista do Projeto de Lei 277/2021, que declara a iguaria como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado de Sergipe.

A coordenadora pedagógica do curso de Gastronomia da Universidade Tiradentes (Unit), Isabelle Brito, explica que o diferencial da receita é a maneira em que é preparada. “Essa empada de aratu já é produzida há mais de 50 anos pelo mestre da culinária, Pascásio Custódio da Costa, um senhor que guarda a receita a sete chaves e vai passando para os seus filhos e netos, para que possa perpetuar”, disse.

O legado transmitido de geração para geração é o que confere à receita memória afetiva e imortaliza uma tradição local. “Por isso, o patrimônio imaterial está muito ligado à cultura, à raiz e à identidade do povo. A forma manual e artesanal de extrair e consumir este marisco é algo que deve ser levado para uma memória porque é cultural. É algo da nossa identidade e dia a dia”, enfatizou.

Outro aspecto comentado por Isabelle é a pesca, limpeza e separação da carne do aratu para a comercialização. “Nesse contexto é importante falar das catadoras de marisco, que tem todo um modo muito específico para fazer esse catado, que não deixa de ser algo ainda muito manual, artesanal e cultural”, acrescentou a coordenadora.

Além da empada, esse catado de aratu é utilizado em outras receitas. “Também nessa região, em especial na Praia do Abaís e Praia do Saco, existe a produção de uma moqueca de catado, em que é colocada numa palha de bananeira para defumar. Esse preparo é chamado de moqueado de aratu”, explicou Isabelle.

A utilização da palha de bananeira é uma herança indígena e dá ainda mais força à cultura brasileira e sergipana. “Então, além da diversidade culinária de produções, a empada, a moqueca nessa palha de bananeira e a forma manual de extração dessas catadoras são três ícones muito característicos no nosso Estado e que traz toda uma memória cultural, afetiva, de pertencimento e de identidade muito forte”, concluiu.