Segundo psicóloga, praticar o silêncio é um momento de autocuidado e bem-estar 

A preocupação com a poluição sonora e seus danos aos ouvidos e também à saúde mental são temas de atenção da Organização Mundial da Saúde (OMS), que elegeu 7 de maio como o Dia Mundial do Silêncio. A principal bandeira levantada na data é que as pessoas se conscientizem dos males que a poluição sonora pode acarretar. Dessa forma, o Dia do Silêncio convida todas as pessoas a fazerem uma pausa em algum momento do dia e desfrutarem do silêncio total.  

A psicóloga clínica e professora da Ages, Yara Matos Sousa, pontua que, segundo a OMS, além dos problemas de saúde ligados à perda de audição, o excesso de barulho causa diversos transtornos, que vai do aumento do estresse e a perda da capacidade de concentração a doenças metabólicas e cardiovasculares, déficits cognitivos em crianças, zumbidos nos ouvidos, distúrbios do sono, danos ao aparelho auditivo e até mesmo a obesidade.  

“Vivemos em uma sociedade cada vez mais globalizada e produtiva e que muitas vezes estamos expostos ao excesso de barulho, no ambiente de trabalho, em nossas casas ou até mesmo nos bairros que moramos. O que não percebemos é que esse barulho pode impactar negativamente nossa saúde. A OMS hoje estabelece um limite de conforto que são 50 decibéis - e acima disso o nosso organismo já começa a sentir desconforto”, acrescenta.  

Sousa pontua que os ruídos trazem prejuízos para nossa qualidade de vida e saúde mental. “A nível cognitivo, é possível ficar em estado de alerta constantemente, desenvolver uma sensibilidade e redução de concentração nas atividades que exijam atenção. A nível de saúde mental é possível desenvolver um quadro de estresse, ter dificuldade para dormir e se sentir irritado com frequência”, alertou.  

Para aliviar o stress causado pelos ruídos, a psicóloga destaca que, antes de qualquer coisa, é necessário avaliar a frequência e intensidade do estresse. Para isso, é imprescindível observar o contexto que está inserido, perceber os estímulos que contribuem para o barulho excessivo e, a partir disso, buscar ambientes que possibilitem ao indivíduo descarregar, se conectar com o silêncio.

  

“Trilhas, passeios, contemplar o pôr do sol, se conectar com a natureza de um modo geral é uma possibilidade de experienciar a tranquilidade e silêncio. É preciso trazer para a sua rotina esses espaços de pausa, descanso, que possibilitem momentos de silêncio”, orientou.  

Benefícios do silêncio  

“Tem uma frase de um autor desconhecido que diz ‘quase tudo volta a funcionar depois que você desliga e tira da tomada por alguns minutos. Inclusive você’. E é exatamente isso: precisamos desses momentos de pausa, descanso, se permitir desconectar da produtividade, dos excessos de barulho, também envolve qualidade de vida e saúde mental. O silêncio é importante principalmente para se conectar consigo mesmo”, assegura Yara Matos. 

Como colocar em prática o “silêncio”? 

A docente acredita que praticar o silêncio também é um demonstrativo de autocuidado. “Permitir dentro da sua rotina esse momento em silêncio é vivenciar a tranquilidade e calma que precisamos. Os marcadores de bem estar e qualidade de vida estão relacionados também ao modo como reconhecemos nossos limites”, enfatizou a psicóloga.