O estudo está sendo desenvolvido em uma dissertação de mestrado na Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial da Unit; objetivo de pesquisadora é usar extratos naturais de resíduos para produção de insumos para indústrias de medicamentos e cosméticos. 

Uma pesquisa desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), da Universidade Tiradentes (Unit), investiga a possibilidade de que óleos extraídos de grãos de café possam ser aproveitados na fabricação de medicamentos, suplementos ou cosméticos naturais. O estudo, ainda em andamento, será o tema da dissertação de mestrado da aluna e pesquisadora Robertta Jussara Rodrigues Santana, que se dedica à área desde 2019, quando começou a participar de projetos de iniciação científica. 

A linha da pesquisa “Extração e Caracterização do óleo do café para aplicações farmacológicas”, cujos orientadores são os professores Elton Franceschi e Thiago Rodrigues Bjerk, ambos do PBI/Unit, envolve a obtenção de produtos naturais (óleos e extratos vegetais) com uso de solventes pressurizados e caracterização cromatográfica (técnica de separação de componentes de um material entre as fases sólida e líquida). 

“O nosso objetivo é obter o óleo de café rico em bioativos e aplicar este produto na elaboração de cosméticos ou como insumo farmacêutico ativo (IFA) na elaboração de produtos farmacêuticos”, explica Robertta destacando que, nesta pesquisa “há a utilização de subprodutos da indústria alimentícia para obtenção de produtos passíveis de aplicação farmacológica, o que atribui ao trabalho responsabilidade ambiental e a possibilidade de iniciar um ecossistema de economia circular, devido ao reaproveitamento de matérias-primas ricas em metabólitos que podem ter ações benéficas à saúde e bem-estar”.

Esta utilização também está presente em outra pesquisa, que foi o seu trabalho de conclusão no curso de Farmácia da própria Unit, em 2022. Nela, o objetivo foi produzir um cosmético anti-idade a partir de insumos obtidos no processo de extração sustentável de substâncias presentes na casca de romã. “Encontrar problemas ou limitações em produtos ou processos existentes acaba por ser natural. Diante disso, a questão da alta toxicidade de muitos cosméticos destinados para o tratamento da hiperpigmentação e do envelhecimento cutâneo, nos chamou a atenção para desenvolver um cosmético que apresentasse baixa ou nenhuma toxicidade para o tratamento destes distúrbios cutâneos”, lembrou a mestranda.

Robertta também trabalha desenvolvendo extração e caracterização de vegetais para aplicação em cosméticos. Isso acontece por meio da sua própria startup, a Standlyc Company, especializada na criação de soluções sustentáveis para a indústria de cosméticos.

Na iniciação científica

A experiência com as pesquisas foi sendo adquirida ao longo dos quatro anos e meio que atuou em projetos de iniciação científica, estudando áreas como produtos naturais, biomateriais, nanotecnologia, lesão medular, produtos naturais, cosméticos e envelhecimento cutâneo. “Na iniciação científica, eu aprendi a pensar para resolver problemas, o que se encaixa perfeitamente nas atribuições do farmacêutico. Com o passar do tempo, algumas ideias foram amadurecendo e eu percebi que eu era capaz de enxergar as dores, como as da indústria de cosméticos, e criar soluções fora do meio acadêmico e que eu, como farmacêutica, poderia resolver essas dores/problemáticas”, disse ela, que ganhou no ano passado o terceiro lugar da categoria Jovem Cientista, no XI Prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica e Inovação Tecnológica, concedido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica de Sergipe (Fapitec/SE). 

Para Robertta Jussara, o ingresso na carreira científica como pesquisadora e aluna de mestrado tornou concreta uma curiosidade que sempre a acalentou desde a infância, quando assistia a filmes e documentários sobre descobertas científicas. 

“Sempre achei muito fascinante a forma como ocorreriam interações químicas, o que me encaminhou para que no ensino médio minha disciplina favorita fosse química. E isto me levou a escolher um curso de graduação que tivesse muita química e um mundo maior ainda de possibilidades, que é a farmácia, sendo uma destas possibilidades a ciência. Depois, eu tive a certeza de que meu desejo seria seguir na área da pesquisa, trabalhando com o desenvolvimento técnico-científico, na produção de artigos, patentes e de produtos ou processos que possam ser destinados à indústria”, relatou.  

Asscom Unit