Depois de atravessar caminhando parte das regiões Centro-Oeste e Nordeste do país, a jovem de 20 anos encontrada em Sergipe, após denúncia de violência contra a mulher em um posto de combustíveis, finalmente chegou a Cuiabá, capital de Mato Grosso e cidade de origem dela. Após a ocorrência ser registrada no Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV), em Aracaju, ela aceitou o reencontro com a família e chegou à capital mato-grossense.
Já há uma semana em Cuiabá, nessa quarta-feira, 31 de janeiro, o pai da jovem expressou o sentimento de agradecimento ao trabalho desenvolvido em Sergipe e que possibilitou o esperado reencontro entre pai e filha. “Foi um presente para mim porque dia 23 [de janeiro] foi meu aniversário, e no dia 24 minha filha voltou para casa”, contou Valdeci Alves de Brito.
O desaparecimento teve início em 2019, quando a jovem começou a caminhar pelo país, conforme relembrou o delegado Ronaldo Marinho. “Ela saiu de lá, de Cuiabá (MT), passou um tempo em Goiânia (GO) e, de lá, ela foi para Minas Gerais. Depois passou pela Bahia, em Porto Seguro e Salvador, e por Recife, em Pernambuco. Sempre andando. Ela tinha saído de casa e fazia contatos eventuais por telefone com o pai, mas ele já estava há um tempo sem nenhuma comunicação com a filha”, relembrou.
Somente em janeiro de 2024 ela foi finalmente encontrada, após a Polícia Militar de Sergipe ser acionada para o atendimento a uma ocorrência de violência contra a mulher. “A Polícia Militar foi comunicada de que uma jovem estava sendo agredida pelo companheiro em um posto de gasolina em uma rodovia. A Polícia Militar atendeu o caso e levou à unidade plantonista”, relembrou o delegado.
Quando foi encontrada, a jovem não estava com documentos, mas sabia da sua origem. “A partir dessas informações que ela nos passou, eu comecei a pesquisar nos bancos de dados da polícia do país e identifiquei que tinha um registro de boletim de ocorrência de pessoa desaparecida feito em 2019 pelo pai da jovem, e entramos em contato com a Delegacia de Desaparecidos de Cuiabá (MT)”, complementou Ronaldo Marinho.
Início do reencontro
Com a troca de informações entre as polícias de Sergipe e de Mato Grosso, o pai da jovem foi contactado. “Ele disse que estava a procurando já há um tempo e queria entrar em contato com ela. Nós colocamos os dois para conversarem por telefone. Depois que eles conversaram por telefone”, narrou o delegado.
Nesse tempo, também foi mantido o contato com a Polícia Federal, no Aeroporto de Aracaju, assim como acrescentou Ronaldo Marinho. “E, também, tivemos o apoio da secretaria municipal, e do Ediberto, responsável pelos abrigos de Aracaju. Ele levou a jovem ao aeroporto, e ela foi acompanhada durante todo o trajeto. Ela saiu daqui já com a cópia da certidão de nascimento e foi acompanhada até a chegada a Cuiabá”, descreveu.
A longa e esperada viagem de volta
O trajeto de volta ao Mato Grosso feito pela jovem envolveu três regiões do país. “Ela nunca tinha viajado de avião. Nas conexões nos aeroportos do Recife e de Guarulhos (SP) ela poderia se perder, por isso solicitamos o apoio da companhia aérea durante as mudanças de aeronave. Inclusive, ela tem uma filha, que ficou aos cuidados do pai e, então, ela foi recebida lá em Cuiabá”, complementou Ronaldo Marinho.
Com a chegada dela a Mato Grosso, seguem os cuidados no seu estado. “Conversamos com o delegado de Cuiabá, e eles irão fazer todo o acompanhamento pós-encontro, acompanhando a jovem, providenciado a documentação, tratamento e capacitação para que ela possa ter uma vida produtiva, mantendo a vida dela e da família”, narrou o delegado responsável pelo caso em Sergipe.
Lar e sentimento de agradecimento
Depois da longa jornada de volta, pai e filha já estão próximos novamente. Uma semana após o reencontro, Valdeci Alves de Brito descreveu a emoção em poder rever a filha. “A viagem deu certo, e graças a Deus minha filha está aqui na minha casa, voltou ao lar, voltou à sua cidade natal”, narrou.
O pai da jovem agradeceu o empenho e a dedicação de todas as instituições envolvidas na missão de reencontro entre pai e filha. “Agradeço ao delegado Ronaldo Marinho, ao DHPP de Cuiabá, à equipe do abrigo Núbia Marques [de Aracaju], aos policiais, aos psicólogos, aos assistentes sociais, a todos”, concluiu Valdeci Alves.