Para a especialista Luciana Rodrigues, não se pode negligenciar o viés do conceito cristalino de Desenvolvimento Sustentável, apoiado no tripé do ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável.

O Relatório de Avaliação Global dos Recursos Florestais de 2020, elaborado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura — FAO, indica que o Brasil possui 497 milhões de hectares de florestas. Destes, 97% são de florestas nativas. Fundamentais para a manutenção da biodiversidade, as florestas desempenham importantes funções sociais e econômicas para os seres humanos.

“O Brasil abriga 12% das florestas do mundo. As áreas com vegetação nativa geram oportunidades sustentáveis com geração de ocupação e renda para os povos das florestas. Atividades de uso sustentável, como extração de alimentos, substâncias medicinais, oleaginosas, ceras e fibras. Para se ter uma ideia, a ‘economia da floresta’, em 2018, gerou 11.638 empregos formais no Brasil, segundo o Serviço Florestal Brasileiro”, declara a professora Luciana Rodrigues de Morais e Silva, coordenadora do Programa de Meio Ambiente Tiradentes Conduta Consciente.

“Os chamados serviços ecossistêmicos ofertados pela floresta em pé vão desde o fornecimento de água, pois as florestas são produtoras de água, bem como alimentos, substâncias medicinais, sequestro de carbono, regulação do clima, entre tantas outras funções”, acrescenta.

Para Luciana, quando o assunto é proteger as florestas, não se pode negligenciar o viés do conceito cristalino de Desenvolvimento Sustentável, apoiado no tripé do ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. “Grandes empresas descobriram a importância de se manter a floresta em pé envolvendo as comunidades em atividades que mantém o equilíbrio entre a preservação e a exploração dos recursos naturais”, afirma.

“Precisamos urgentemente compreender que a manutenção dos ecossistemas da Terra é uma questão de sobrevivência humana. Quando pressionamos e modificamos de forma significativa os habitats e levamos diversas espécies à extinção, estamos, sim, colocando nossa própria sobrevivência em risco. O Antropoceno, a Era do Homem, está ocasionando o desequilíbrio em escala global nunca antes vista”, complementa Luciana.

Segundo o Relatório Anual do Desmatamento no Brasil, do MapBiomas, em 2019, o Brasil perdeu aproximadamente 1,2 milhão de hectares (12.187 quilômetros quadrados) de vegetação nativa – uma área equivalente a oito vezes a cidade de São Paulo.

“O país vem perdendo grandes áreas de proteção ambiental para o desmatamento ilegal. Atividades, como garimpos, agropecuária extensiva com plantio de grãos, como soja e milho, e criação de enormes rebanhos bovinos, são responsáveis pelos números alarmantes do desmatamento no país”, observa.

“O equilíbrio e a preservação dos ecossistemas promovem, além de tudo, a manutenção da saúde e da qualidade de vida de todas as populações. As florestas urbanas impactam positivamente no cotidiano das cidades, amenizam os efeitos poluentes purificando o ar e a água, absorvem a água da chuva evitando alagamentos, contribuem para a manutenção do microclima, são espaços de lazer e contemplação, espaços propícios para realização de trilhas para se conectar com o cosmos”, salienta Rodrigues.

Realidade local

A especialista destaca que, em Sergipe, as áreas de proteção ambiental, as chamadas Unidades de Conservação ainda são pouco conhecidas. “Cada uma dessas áreas possui as suas peculiaridades, protegidas por Lei, servindo de refúgio para diversas espécies listadas como em risco de extinção. O município de Capela, por exemplo, conta com o Refúgio da Vida Silvestre Mata do Junco com uma vegetação riquíssima da Mata Atlântica. Em Itabaiana, há o Parque Nacional Serra de Itabaiana na faixa de transição conhecida como Agreste Sergipano, entre a Mata Atlântica e a Caatinga”, comenta.

“Vale citar também o Monumento Natural Grota do Angico, que preserva as riquezas do bioma Caatinga. A Floresta Nacional do Ibura, em Nossa Senhora do Socorro, a área de preservação ambiental no coração da capital Aracaju, APA Morro do Urubu, e a Reserva Biológica Santa Izabel no litoral norte de Sergipe”, diz.

Programa de Meio Ambiente da Unit

Em alusão ao Dia de Proteção às Florestas, comemorado em 17 de julho, a Universidade Tiradentes, por meio do Programa de Meio Ambiente, o Conduta Consciente, realizou a doação de 25 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica à Secretaria de Meio Ambiente de Propriá. A iniciativa, em parceria com a Unimed, faz parte do projeto “Plante Árvore, proteja a vida”.

“Essas 25 mudas serão plantadas na rua da frente da cidade em substituição as espécies exóticas que foram plantadas de forma equivocada. Preocupamo-nos com o plantio dessas espécies. O importante é que a gente preserve as nossas florestas, plante árvores, mas que estas sejam nativas da nossa região, porque fornecem alimento para todas as outras espécies e fazem a manutenção de todo o equilíbrio ecológico, da biodiversidade”, frisa.

“Dia de Proteção às Florestas é todo dia. Contemplem uma árvore, lembrando-se sempre de todos os serviços que ela nos proporciona sem nos cobrar um centavo, ampliem o olhar para enxergar que daquele indivíduo provém o alimento e a moradia de diversas espécies necessárias para a manutenção da teia da vida”, finaliza.

Fonte: Assessoria de Imprensa | Unit