Dados do Global Gender Gap Report são alarmantes e especialistas apontam que a pandemia piorou o cenário de desigualdade

A desigualdade de gênero no Brasil e no mundo se manifesta de diversas formas, atribuindo às meninas e mulheres a responsabilidade pelas atividades domésticas e de cuidado, ao passo que as exclui dos lugares de poder político e econômico. Esse fato se reflete nas diferenças salariais em cargos similares, e, de acordo com dados do Global Gender Gap Report de 2021, as mulheres ainda demorarão 267,6 anos para conseguir uma equiparação igualitária com o salário dos homens. 

De acordo com Verônica Passos Rocha Oliveira, professora do Curso de Direito da Universidade Tiradentes, a desigualdade salarial comprova a desigualdade de direitos e oportunidades existente entre homens e mulheres. “Tradicionalmente, a cultura patriarcal, com o consequente machismo estrutural, organiza a sociedade de modo que ainda hoje as mulheres estudem mais para serem contratadas, exerçam tripla jornada, tentando conciliar casa, trabalho e estudos, recebam menores salários que seus colegas do sexo masculino e ainda possam ser demitidas nos dois primeiros anos quando retornam da licença maternidade”, explica. 

O Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês) prevê que a pandemia deverá atrasar ainda mais a paridade de gênero no trabalho. Para o fórum, isso se deve em parte ao fato das mulheres serem empregadas com mais frequência nos setores mais afetados pelos bloqueios combinado com as pressões adicionais de prestação de cuidados em casa. Além disso, as taxas de demissões durante a pandemia entre mulheres foram mais altas do que entre os homens. À medida que a economia se recupera, elas também estão sendo menos recontratadas do que os homens.

A Organização das Nações Unidas estimou em setembro de 2020 que as consequências da pandemia poderiam levar mais 47 milhões de mulheres à pobreza. Também é possível observar que a disparidade de gênero é menor em países nórdicos, como Islândia, Noruega, Suécia, Finlândia e Suécia. “Embora, já tenhamos avançado bastante na igualdade formal entre homens e mulheres, para alcançarmos a equiparação salarial é necessária a consciência acerca das origens e consequências dessa desigualdade para seu enfrentamento, sobretudo, preventivo, com a educação de homens e mulheres funcionais, que compartilhem as mesmas responsabilidades na construção e desenvolvimento da sociedade. O caminho é longo”, reflete Verônica. 

Fonte: Shirley Vidal/Assessora de Comunicação