Estudos envolvem o desenvolvimento de membranas cicatrizantes com substâncias do barbatimão e um trabalho de educação sobre saúde sexual e reprodutiva em escolas do Estado; prêmios serão entregues pela Fapitec
A Universidade Tiradentes (Unit) teve duas pesquisas premiadas no XII Prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica e Inovação Tecnológica, promovido pela Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec). As autoras dos trabalhos, desenvolvidos no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA/Unit), irão receber as premiações em uma cerimônia de entrega dos prêmios, cuja data ainda será confirmada pela fundação estadual.
A primeira pesquisa, da professora Juliana Cordeiro Cardoso, com o título “Tratamento de feridas crônicas com membranas contendo extrato de barbatimão, uma possibilidade de desdobramento da bioeconomia no estado de Sergipe”, ficou em primeiro lugar na categoria Pesquisadora/Inovadora, dentro da subcategoria “Inovação para o setor empresarial”. Ela se estende desde 2014 e trabalha com duas espécies de plantas conhecidas como “barbatimão”: o Stryphnodendron adstringens, mais presente no Centro-Sul do Brasil; e o Stryphnodendron coriaceum, mais presente entre o Nordeste e o Centro-Oeste do país.
A segunda, um projeto de iniciação científica desenvolvido em 2017 pela estudante Magna Kelly Barbosa dos Santos, que foi aluna do curso de Biomedicina da Unit entre 2017 e 2018, ficou em terceiro lugar na categoria Jovem Cientista, dentro da subcategoria Cientista Júnior. Este projeto foi sobre “Estratégia para reflexão e conhecimento compartilhado com adolescentes sobre saúde sexual e reprodutiva” e teve a orientação da professora Cláudia Moura de Melo, que assim como Juliana, também atua junto ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).
O prêmio da Fapitec, que homenageia o sergipano João Batista Ribeiro Fernandes (1860-1934), imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e um dos pioneiros da divulgação do jornalismo científico nacional, escolhe trabalhos de pesquisadores, bolsistas, profissionais de comunicação, estudantes e empresários que contribuem com o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e da inovação no Estado. O edital desta edição ofertou um total de R$ 89 mil em prêmios nas categorias Pesquisador Destaque, Pesquisador Inovador, Jovem Cientista, Profissional de Comunicação e Empresa Inovadora.
As pesquisas
O estudo de Juliana Cardoso, que está em sua terceira etapa, concentra-se sobre as oportunidades econômicas do plantio e da extração sustentável do barbatimão em Sergipe para o fornecimento dos insumos à indústria. “Estamos trabalhando na parte de bioeconomia, que nada mais é do que a gente entender como esse recurso natural pode ser produzido em maior escala para gerar renda, impacto social, impacto ambiental positivo, extraído de maneira sustentável no país. A gente precisa criar uma cadeia produtiva, porque não se consegue produzir isso na indústria se não tiver um fornecedor dessa planta, desse extrato”, explica Juliana.
As outras duas fases da pesquisa se concentraram nas propriedades cicatrizantes das substâncias presentes em cascas e folhas do barbatimão e desenvolveram uma membrana cicatrizante patenteada em 2022 junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). essa membrana foi testada em tratamentos de cicatrização em pés de pacientes com diabetes em postos de saúde da Secretaria Municipal de Saúde de Aracaju, com resultados considerados promissores. A primeira fase teve a participação do professor João Carlos Palazzo, da Universidade Estadual de Maringá (UEM/PR), que também estuda o tema; e a segunda foi apoiada pela Fapitec e pelo Ministério da Saúde, através do programa Programa Pesquisa para o SUS (PPSUS).
“Eu vejo o sofrimento de pessoas que têm feridas crônicas e não conseguem tratamento adequado. Uma vez que isso é colocado no mercado, a sociedade pode receber um material que efetivamente funcione para cicatrizar feridas crônicas. Do ponto de vista ambiental, se fizer o manejo adequado da coleta da casca, a gente pode ter um impacto ambiental positivo, que não vai degradar. A gente tem um impacto social, que a agricultura familiar pode estar sendo beneficiada, porque essas árvores existem no quintal de várias pessoas do interior. Se estabelecendo um sistema de cooperativa, você pode ter esse produto sendo trabalhado, manufaturado de maneira conjunta”, afirma Juliana, sobre os impactos das pesquisas para a sociedade.
Já o projeto de Kelly Magna, que era aluna do Ensino Médio à época da pesquisa e hoje estuda Nutrição na Universidade Federal de Sergipe (UFS), foi sobre a realização de oficinas temáticas sobre saúde sexual e reprodutiva, promovida por facilitadores do Núcleo de Ensino Básico do PSA (NEB) junto a 250 adolescentes da rede estadual de ensino. O objetivo era promover a sensibilização deste público sobre temas como prevenção de IST’s, gravidez na adolescência não planejada, zika vírus e riscos para a saúde materna e do bebê. Ele se desdobrou em um artigo científico publicado em setembro de 2023 na revista Interfaces Científicas - Saúde e Ambiente, editada pela Editora Universitária Tiradentes (Edunit). Além do Prêmio João Ribeiro, ela também recebeu a menção honrosa na VII Feira de Ciências do Estado de Sergipe, promovida em 2017 pela Associação Sergipana de Ciência (ASCI).
“Foi muito gratificante, pois eram centenas de trabalhos sendo avaliados e todos com sua importância para a sociedade. Ganhar esses prêmios só mostrou que estamos indo no caminho certo nas pesquisas, mostrando as vulnerabilidades da sociedade e como podemos mudar e ajudá-los em meio às dificuldades de aprendizado que a sociedade possui”, ressalta Magna, que também atua como pesquisadora da Rede Sergipana de Mulheres na Ciência (Rede SEMCI)
Autor: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit