Planejamento, revisão e reorganização dos processos de gestão. Esta foi a temática constante nas falas do reitor da UFS, professor Valter Santana, em entrevista sobre o ano que se encerra. Valter relembrou ainda as conquistas alcançadas, apesar do orçamento deficitário das IFES em 2023. Acompanhe:

Como é possível resumir a caminhada da UFS durante o ano de 2023?
Três palavras resumem bem este período: renascimento, reconstrução e consolidação. Porque, até 2022, estávamos ainda sob os efeitos mais intensos que a pandemia da covid-19 impôs a todo o mundo. Quando iniciei meu mandato, toda a universidade estava funcionando apenas remotamente. Foi um desafio manter a universidade funcionando em condições que, até então, fugiam de nosso cotidiano. E, somente três anos mais tarde, a universidade retorna à normalidade de uma rotina acadêmica, um renascimento.

Manter a universidade funcionando demandou, durante o ano de 2023, um esforço de reconstrução e adaptação das práticas de ensino, pesquisa e extensão, num cenário bastante distinto do que tínhamos antes da pandemia. E por fim, consolidação porque, findado o ano de 2023, percebe-se que conseguimos vencer todos os desafios, suprindo a grande maioria das demandas apresentadas.

Chegamos a um tempo de otimização dos processos, promovendo o reencontro entre alunos e professores, e entre a universidade e a sociedade como um todo.

Completamos 55 anos em 2023. Houve falhas, reconhecemos. Mas esta é também uma característica da boa administração saber avaliar sua caminhada e buscar as oportunidades de melhoria, ampliando e aperfeiçoando o que tem dado certo, e corrigindo os processos que precisam ser corrigidos, no aprendizado e nas condições de trabalho.

A pandemia causada pela covid-19 deixou alguma herança positiva?
O legado positivo deixado pela pandemia foi o aprimoramento dos processos de planejamento e gestão. Assim que chegamos à pandemia, a primeira missão foi capacitar a instituição para manter a qualidade do ensino, mesmo considerando condições tão agudas. Os desafios foram muitos. Os diferentes níveis de ensino e aprendizado de nossos professores e alunos se transformaram no foco de nossas ações, para que a UFS se organizasse e entregasse tudo o que fosse necessário para se cumprir o dever institucional.

Outro ponto positivo a se elencar foi a gestão dos recursos orçamentários, exercida com o devido planejamento. Isso fez com que as dificuldades administrativas e financeiras fossem minimizadas. Ou seja, parte das adversidades trazidas pela covid-19, permitiram à UFS estar preparada para trazer respostas mais rápidas e fazer suas entregas, mesmo em cenários adversos, como o de carência de recursos orçamentários.

Quais as maiores conquistas da UFS em 2023?
A primeira delas, sem sombra de dúvidas, foi a capacidade de retornar a um cenário considerado de normalidade no cotidiano acadêmico da universidade, restabelecendo nosso fluxo de formação de alunos, assim como fazíamos antes da pandemia. Inúmeras vidas foram perdidas no cotidiano social em que está inserida a UFS, seus alunos, servidores, terceirizados e estagiários. Além disso, houve um aumento no número de evasão. E, com muito esforço, conseguimos reduzir estes números a um patamar bastante semelhante ao que era registrado até 2020. Nos esforçamos, portanto, numa ação de reorganização do ensino de graduação e pós-graduação. Há de se relembrar, também, o primeiro programa de doutorado internacional, firmado entre a UFS e a Universidade de Moçambique, na África.

Registramos, além disso, uma alta de 58% no atendimento das demandas para o trabalho de campo, além da renovação da frota oficial da instituição. Ocupamos o prédio da Didática 7 com programas da pós-graduação e destinamos espaço específico para o curso de Teatro, dentre tantas outras ações. Além disso, o prédio do Centro de Cultura e Arte (Cultart) passou a funcionar, de fato, como um referencial acadêmico e social para Aracaju e todo o estado de Sergipe.

Anos atrás, a universidade cresceu bastante em suas estruturas físicas, o que não foi possível nos últimos tempos. Então, demarcamos o que era essencial para a Universidade, buscamos entender o que a comunidade de fato precisava. Dois mil e vinte e três foi um ano de planejar e organizar internamente as ações, para que fossem as mais efetivas possíveis. E permitissem entregas assertivas, num ano extremamente difícil sob o ponto de vista orçamentário.

Tudo isso se reflete em indicadores importantes, tais como o divulgado pelo Center for World University Rankings (CWUR). Segundo a pesquisa, a UFS foi indicada como a segunda melhor universidade do Nordeste e a vigésima segunda do Brasil. E, na semana passada, recebemos homenagem na Capes em Brasília por nos destacarmos em seis objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU. Num período de poucos investimentos por parte do Governo, este é um sinal de que a universidade investiu recursos próprios para criar e manter nossos programas que visam o crescimento sustentável da sociedade em que estamos inseridos.

Quais foram os avanços nas políticas afirmativas na UFS durante o ano de 2023?
Um deles foi a inovação nas bancas dos processos de heteroidentificação, tornando-nos uma referência nacional entre as instituições públicas, permitindo processos mais precisos e iniciativas de reparação a equívocos anteriormente cometidos. Isso amplia as possibilidades de ingresso da população como um todo, e de forma mais precisa, aquela fatia que mais necessita. Ressalto ainda a revisão de todas as políticas afirmativas, permitindo que mais pessoas com deficiência circulem pela universidade, assim como torna nossa comunidade multicor. Serve, como exemplo, nossos alunos que compuseram a delegação brasileira nos Jogos Parapan-Americanos de 2023, no Chile.

É correta a afirmação de que o ano de 2023 foi apenas o começo de um longo período de recomposição orçamentária a ser percorrido pela UFS?
Por mais que contemos com um governo que dialoga e valoriza a educação, 2023 foi um ano executado sob definições ao ano anterior. A Lei de Diretrizes Orçamentárias, por exemplo, que regeu o ano de 2023, foi proposta e votada em 2022, pelo governo anterior. O efeito disso foi amenizado pela estratégia de transição adotada, com o apoio da Andifes. O Projeto de Emenda à Constituição – PEC da transição, contemplou um pequeno aumento orçamentário, o que ainda não foi suficiente para atender a todas as demandas.

A partir de então, os diálogos e as perspectivas nos dão esperança de que as universidades receberão os investimentos necessários. Isso devido à interpretação que fazemos de que para o atual governo a educação tem papel fundamental. E as expectativas são as melhores, afinal de contas, se com pouco a UFS conseguiu fazer tanto, imagine o que se pode alcançar com o orçamento adequado. Nós podemos e queremos fazer muito mais!

Caso se confirme o aumento no orçamento para 2024, a expansão da UFS para o interior do estado estará contemplada?
Sim, será contemplada. Um dos pilares de nosso PDI é a meta de melhorar a oferta do ensino de graduação, entendendo que é ferramenta para o empoderamento e transformação da realidade social do país. Então, se as condições orçamentárias forem suficientes para a expansão, ela será contemplada em 2024. Prosseguiremos com este objetivo, sem perder o foco, também, na manutenção da qualidade da formação ofertada em todos os campi, que vai muito além da sala de aula, com oportunidades de pesquisa e extensão como forma de complemento à vida acadêmica.

Quais são seus desejos, como gestor da UFS, para 2024?
Para 2024, eu desejo que a universidade seja um ambiente ainda mais acolhedor para a comunidade universitária, sem distinções. Que o movimento que vemos nas redes sociais, com a hashtag #OrgulhoDeSerUFS esteja, de fato, em cada aluno e em cada servidor docente e técnico-administrativo, estagiários e terceirizados. Que a UFS continue cumprindo seu papel social de formar profissionais altamente qualificados e cidadãos cada vez mais conscientes. E seja, cada vez mais, motivo de orgulho para toda a sociedade sergipana.

Ascom