A Delegacia Regional de Itabaiana apura as circunstâncias que cercam o desaparecimento de uma mulher encontrada no sábado, 27, no município de Canindé de São Francisco, após ficar desaparecida por cerca de 18 dias. Investigações das Delegacias de Itabaiana e Canindé de São Francisco mostram que a suspeita teria forjado o próprio sequestro, podendo responder pelos crimes de comunicação falsa e denunciação caluniosa.

No dia 13 de janeiro, a mãe da investigada registrou na Delegacia Regional de Itabaiana um boletim de ocorrência, informando que a filha teria saído de casa, no município serrano, no dia 9 de janeiro, e até aquele momento não havia retornado.

No dia 20 de janeiro, a Polícia Civil recebeu a informação de que a suposta vítima enviou uma mensagem para o filho, alertando que teria viajado para Canindé de São Francisco, em busca do ex-namorado, e estava correndo perigo.

A Polícia Civil diligenciou e intimou o ex-namorado da desaparecida, que compareceu à Delegacia de Itabaiana e informou que a última vez que tinha tido contato com a mulher foi em novembro de 2023.

Já em 24 de janeiro de 2024, o homem voltou a ser ouvido e sustentou a fala, informando que seguia sem falar com a ex-namorada. O delegado pediu que o homem telefonasse para a mulher e enviasse e-mail naquele exato momento, sendo prontamente atendido, mas sem êxito em contatar com a então procurada.

No sábado, dia 27 de janeiro, o 4º Batalhão de Polícia Militar (4º BPM) recebeu a informação de que uma mulher estava sendo mantida em cárcere numa região de mata no município de Canindé de São Francisco. A, até então vítima, foi localizada a partir do sinal do celular e encaminhada ao Hospital Municipal de Canindé de São Francisco, onde recebeu os primeiros socorros.

Ao tomar ciência de que a mulher tinha sido encontrada, o delegado de Itabaiana, Edvânio Dantas, identificou sinais de uma possível fraude e pediu o apoio do delegado de Canindé de São Francisco, Douglas Lucena, que foi ao hospital onde a suposta vítima estava e colheu o depoimento do médico que ofereceu os primeiros socorros.

Ainda no decorrer da apuração policial, várias imagens de câmeras de segurança foram recolhidas e analisadas, o que permitiu identificar que ela circulava em estabelecimentos comerciais, mesmo durante o período dos supostos desaparecimento e sequestro.

“Fomos informados pelo delegado responsável pela investigação de desaparecimento sobre possíveis incongruências no caso. Diante dessa informação, fomos ao hospital e conversamos com o médico que atendeu a suposta vítima do sequestro. O médico nos relatou situações que chamaram a sua atenção”, explicou o delegado Douglas Lucena, de Canindé de São Francisco, município onde a mulher estava.

“Segundo a jovem, o cativeiro era em local a céu aberto, na cidade de Canindé, onde ela estava exposta ao sol e à noite e, durante os 15 dias, ela ficou sem nenhuma alimentação, porém não tinha nenhum sinal de desidratação e não existiam sinais de picadas de mosquito e sequer insolação em sua pele. Inclusive, não existiam os hematomas que configurassem a narrativa apresentada pela jovem, de que foi mantida amarrada pelas pernas e mãos durante os 15 dias pelo namorado”, relatou o delegado Edvânio Dantas, lotado na Delegacia Regional de Itabaiana e que está à frente das investigações.