No final do mês de fevereiro, a Guerra da Ucrânia completou um ano de duração e segue sem uma visão clara de resolução. O conflito armado, iniciado pela Rússia no território ucraniano no começo de 2022, teve início após a insatisfação russa com a possível entrada da Ucrânia na Organização do Atlântico Norte (Otan). Esse fato desencadeou o temor do presidente Vladimir Putin em relação à expansão da entidade internacional no leste europeu, além da contestação à soberania ucraniana enquanto Estado independente.

A mestra em direitos humanos Daniela Andrade, professora do curso de direito do Centro Universitário Estácio de Sergipe, destaca que a guerra teve impacto não apenas nos países envolvidos, mas também em todo o mundo. “Segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, cerca de 8 mil civis foram mortos, além de mais de 13 mil feridos. Ainda, as hostilidades geraram o fluxo migratório forçado de mais de um milhão de ucranianos para buscar refúgio em países como a Polônia, Hungria e Eslováquia”, explica Daniela. “Para além desses números, consequências a nível sistêmico e global, também segundo a ONU, se mostram desde então: crise alimentar dos países que dependem das importações dos países diretamente envolvidos, aumento no preço de combustíveis e da inflação”. 

Apesar da existência de negociações para o fim do conflito, ainda não houve sucesso e novas investidas estão em curso. Segundo Andrade, uma nova geopolítica mundial está se formando a partir desta disputa. “O que se pode dizer é que uma geopolítica diferente vem tomando forma de acordo com os lados assumidos pelos Estados em razão da guerra, como o caso, por exemplo, dos Estados Unidos e seus aliados de um lado, e a Rússia e a China do outro”, elucida a especialista. 

Nesse cenário, as perspectivas para o futuro são incertas. Entretanto, a professora destaca que é fundamental que a comunidade internacional continue a buscar soluções para acabar com o conflito e mitigar suas consequências, principalmente para a sociedade civil afetada. Apesar disso, “o esforço diplomático para negociações de paz encontra um caminho longo e entravado por resistência a concessões, o que torna o desenlace do conflito um cenário incerto”, conclui a especialista.