O presidente Jair Bolsonaro disse na manhã desta terça-feira (18) ter pedido a realização de uma perícia independente da morte do miliciano e ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar Adriano da Nóbrega.

O miliciano estava foragido havia mais de um ano e foi morto durante uma operação policial no último dia 9 em um sítio na zona rural da cidade de Esplanada, na Bahia. Ele era suspeito de comandar um grupo criminoso que cometeu dezenas de homicídios, o Escritório do Crime. Ele foi expulso da PM por envolvimento com o jogo do bicho e já foi homenageado mais de uma vez pelo então deputado estadual Flávio Bolsonaro (sem partido), hoje senador.

Adriano também era investigado pela suspeita de envolvimento no esquema no qual funcionários do então deputado Flávio Bolsonaro devolviam parte do salário que recebiam na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O miliciano era amigo do também ex-PM Fabrício Queiroz, que foi funcionário do gabinete de Flávio e indiciou a mulher e a mãe de Adriano para trabalharem lá.

"Pelo que estou sabendo, o Ministério Público Federal da Bahia, não tenho certeza — [que] fique bem claro: não tenho certeza — vai cobrar uma perícia independente hoje. Primeiro passo para você começar a desvendar as circunstâncias em que ele morreu e por que. Poderia interessar a alguém a queima de arquivo. O que ele teria para falar? Contra mim é que não era nada. Se fosse contra mim tenho certeza que os cuidados seriam outros para preservá-lo vivo", disse Bolsonaro.

Nesta segunda-feira (17), ao ser perguntado por jornalista durante entrevista coletiva na Paraíba, o ministro da Justiça, Sergio Moro, disse não haver motivo para federalizar a investigação da morte de Adriano.

“Isso está sendo apurado na Bahia mesmo, não existe uma causa que justifique a federalização desse caso, em princípio. Estamos acompanhando as investigações, para ver o resultado disso”, disse Moro.

 

Disparo a curta distância e possível tortura

 

Fotos divulgadas pela revista "Veja" na edição que chegou às bancas na última sexta-feira (14) indicam que Adriano foi morto por disparos a curta distância. Imagens da autópsia também indicam que Nóbrega tinha um ferimento na cabeça e uma queimadura no lado esquerdo do peito.

De acordo com Bolsonaro, uma perícia independente deverá dizer se Adriano foi torturado e de que distância os disparos foram efetuados.

Fórum de governadores

 

Na manhã desta terça, Bolsonaro também comentou carta divulgada por governadores nesta segunda-feira (17). No documento, eles criticam a postura do presidente da República de se pronunciar sobre temas de alçada estadual sem conversar com os gestores regionais e o convidam para participar do próximo Fórum Nacional de Governadores.

Nas últimas semanas, a ação policial na Bahia que resultou na morte do miliciano foi um dos temas que gerou atrito entre Bolsonaro e os estados. O presidente chegou a afirmar que "quem é responsável pela morte do capitão Adriano" é a "PM da Bahia do PT", em referência ao partido do governador do estado, Rui Costa.

No fim de semana, Bolsonaro já havia indicado que a morte do miliciano pode ter sido uma queima de arquivo. Essa hipótese é defendida pelo advogado da vítima, mas a polícia baiana argumenta que o miliciano estava armado e atirou contra os agentes no cerco feito em um sítio no fim de semana passado.

G1