Um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano passado, tratou sobre a triste realidade enfrentada por crianças e adolescentes na convivência escolar. Os dados mostram que, pelo menos, 40% do total de estudantes afirmaram que já sofreram práticas de bullying (de provocação e/ou intimidação). Preocupada com as consequências desse tipo de violência, a deputada estadual de Sergipe, Linda Brasil (Psol), clamou, durante sessão plenária da Assembleia Legislativa, nesta terça-feira, 28, que o Governo de Sergipe e as prefeituras invistam em programas de enfrentamento ao bullying e de acolhimento às vítimas.

A Lei nº 13.185/2016 classifica o bullying como intimidação sistemática, quando há violência física ou psicológica em atos de humilhação ou discriminação. A classificação também inclui ataques físicos, insultos, ameaças, comentários e apelidos pejorativos, entre outros. De acordo com os dados divulgados pelo IBGE, 24% das vítimas disseram que a vida não vale a pena.

A parlamentar destacou que os casos de violências nas escolas brasileiras acendem um sinal de alerta. “É preciso encarar os problemas de frente e com a profundidade e complexidade que eles têm.  É urgente somarmos esforços para garantir as condições necessárias para combatermos todas as formas de violência, e pautarmos uma sociedade sem violência ou armas, e que discuta a saúde mental e bullying no ambiente escolar. Precisamos refletir sobre essas questões de forma que a resposta não seja superficial”, disse a Linda.

População LGBTQIA+ e Bullying

A parlamentar lembrou de situações em que foi alvo de práticas de bullying durante sua infância e adolescência. Linda propôs reflexões e apontou a necessidade de enfrentar esse tipo de violência pela raiz. “Todas as pessoas LGBTQIA+ sofrem bullying, mas ninguém vê travestis metralhando escolas ou lésbicas esfaqueando crianças e professoras. Bullying é um problema sério, mas não é isso que radicaliza adolescentes. O que constrói ambiente para o extremismo é o racismo e a misoginia. As vítimas desses tipos de ataques são, na maioria, mulheres, meninas e pessoas racializadas. O perfil dos assassinos também segue um padrão, na maioria, são homens, garotos brancos, cis, héteros e de classe média”, refletiu.

Psicólogos e Assistentes Sociais

Linda reforçou a necessidade da lei 13.935/2019, que prevê a contratação de psicólogos/as e assistentes sociais, para as redes públicas de educação básica. “O trabalho desses e dessas profissionais na rede de ensino é muito importante, principalmente no enfrentamento de situações como essas. São profissionais que vão entender o problema, acolher e fazer os encaminhamentos necessários, com um olhar técnico e sensível. Precisamos cobrar que a lei seja respeitada e cumprida”.

Tragédia

Linda lamentou o atentado ocorrido ontem, 27, em São Paulo, que provocou a morte da professora Elisabete Tenreiro, de 71 anos. “Quero me solidarizar e prestar homenagens à professora Elisabete, que se dedicou a dar aulas pois era uma mulher que tinha a educação como uma missão e propósito de vida. Infelizmente, sua vida foi tirada de forma cruel dentro do ambiente escolar”, finalizou Linda.