A metodologia conhecida como citologia líquida ainda é pouco utilizada no Brasil, mas já demonstra resultados promissores na prevenção da doença.

O mês de março marca a campanha pela sensibilização de mulheres quanto à importância da prevenção ao câncer do colo do útero, o terceiro que mais atinge este público e que apresenta uma maior predominância nas regiões Norte e Nordeste do país, segundo revela o Instituto Nacional do Câncer (INCA). Neste cenário, juntamente com a vacinação dentro da faixa etária considerada ideal (9 a 14 anos), a busca por exames periódicos e preventivos é uma das saídas encontradas para minimizar os riscos gerados pelo convívio com a doença. 

A área da citologia clínica demonstra bem a importância que carregam os exames de prevenção. Este campo, que concentra seus estudos nas células do corpo humano, oferece uma análise detalhada neste tipo de amostra, possibilitando a identificação de alterações quase imperceptíveis, mas que podem indicar a presença de doenças, como o câncer do colo do útero, ainda em estágios iniciais. 

Para quem é do ramo, a chegada de tecnologias que permitem automatizar e modernizar os procedimentos práticos já se reflete em uma maior celeridade no diagnóstico desse tipo de câncer e de outras patologias que afetam a saúde da mulher. Um dos avanços é a citologia líquida, que ainda é pouca utilizada no Brasil e apresenta diversos benefícios ao tratamento preventivo do câncer do colo do útero, conforme apontado pela coordenadora do curso de Citologia Clínica da Pós-graduação Lato Sensu da Universidade Tiradentes (Unit) e biomédica citologista, Patrícia de Oliveira.

“A citologia líquida auxilia na medicina permitindo uma maior preservação das amostras, reduzindo a degeneração celular e aumentando sua qualidade. Além do que, ela possibilita uma distribuição mais uniforme das células, ampliando a detecção daquelas que podem apresentar anormalidades. Também há a redução de artefatos e elementos não celulares que dificultam a visualização celular, que é o objetivo principal da citologia. Outras vantagens são a redução de amostras insatisfatórias, facilitação na triagem, processamento e transporte, além da possibilidade de, com uma única amostra, o profissional consegue fazer não apenas exames de citologia, como também testes moleculares, testes para detecção de HPV e de bactérias”, explica.

Em via de regra, a citologia em meio líquido teve seu desenvolvimento pautado na tentativa de reduzir as imprecisões ligadas ao método convencional, através, principalmente, de uma melhor disposição celular que deixa mais fácil a interpretação das análises. Outra vantagem abordada pela especialista é uma atenuação significativa do tempo necessário para o processamento e análise das amostras, o que é possível graças à eliminação da etapa de preparação das lâminas. Com esta otimização, as demandas de diagnósticos podem ser atendidas num tempo hábil, o que faz aumentar as chances de cura dos pacientes. 

“A automação, por meio da citologia líquida, permite que o profissional ganhe tempo e, com isso, possa fornecer mais diagnósticos. Ou seja, não haverá a perda de tempo de verificação de uma lâmina por completo, uma vez que essa metodologia possibilita uma triagem muito mais robusta das células epiteliais. Então, na prática, se eu faço análises em um menor tempo, consequentemente eu terei um número maior de diagnósticos ofertados e, assim, acabo ajudando a salvar mais vidas”, enfatiza a professora. 

Mercado com demandas 

Na medida em que aumenta a conscientização em torno da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer do colo do útero, cresce também a busca de clínicas e laboratórios por especialistas na área. No perfil, esses profissionais devem assumir habilidades técnicas avançadas, bem como um profundo conhecimento da morfologia celular e das características específicas que englobam diferentes tipos de células.

No entanto, apesar da crescente demanda, a falta de profissionais qualificados neste campo tem sido uma preocupação em algumas regiões, o que, por sua vez, ressalta a importância da formação especializada e da atualização de citologistas clínicos, assegurando que haja uma força de trabalho preparada para atender as necessidades de saúde da população.

“Estas especializações precisam fornecer aos profissionais um caminho de qualificação que reúna teoria e prática, estágios com uso de equipamentos que estão inseridos no contexto da citologia, além de visitas técnicas, principalmente em empresas que adotem a metodologia da citologia líquida. Outro diferencial é manter os alunos em contato direto com profissionais que disponham de vivência prática, além daqueles que possuem papel de destaque no campo da citologia clínica, com livros lançados e pesquisas comprovadas. Toda essa base, por exemplo, está disposta para o aluno na pós-graduação oferecida pela Universidade Tiradentes”, destaca Patrícia. 

Autor: Asscom Unit

Fonte: Asscom Unit