Estimativa de pesquisa feita no Reino Unido mostra a frequência de casos de doenças nas quais o próprio organismo se ataca, afetando órgãos e tecidos;  lúpus, artrite e anemia reumatoide, tireoidite de Hashimoto, e esclerose múltipla são algumas delas. 

Cerca de uma em cada 10 pessoas em todo o mundo podem estar afetadas por doenças autoimunes, nas quais órgãos ou tecidos sofrem ataques do próprio organismo, a partir de um problema de desregulação do sistema imunológico. Esta estimativa partiu de um estudo realizado por pesquisadores do Reino Unido, que publicaram um artigo em junho do ano passado na revista científica The Lancet. A partir de dados do sistema de saúde britânico, eles apontaram que, entre os anos 2000 e 2019, houve aumento na incidência de doenças autoimunes mais frequentes, como lúpus, diabetes tipo 1, artrite e anemia reumatoide, tireoidite de Hashimoto, esclerose múltipla, vitiligo, doença de Crohn e doença celíaca e síndrome de Sjogren, entre outras.

“Elas podem se manifestar de diversas maneiras, desde lesões em órgãos isolados como pele, tireoide, até quadros onde existem vários órgãos e tecidos acometidos, como na artrite reumatoide e lúpus”, explica a professora Maria Fernanda Malaman, do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), ressaltando que não existe nenhum sintoma comum ou “padrão” que caracterize as doenças autoimunes. 

A mesma pesquisa britânica sugere, a partir dos dados, que essa variação de casos pode ser atribuída a fatores ambientais, como disparidades socioeconômicas, sazonais e regionais, aliados a outros fatores de ordem genética. “Diversos fatores estão envolvidos no desenvolvimento destas doenças, desde a predisposição genética do indivíduo, até fatores ambientais: exposição a vírus, agentes ambientais, etc”, acrescenta Malaman. 

As doenças autoimunes não têm nenhum tipo de prevenção específica contra o surgimento delas ou contra ataques do próprio organismo. Mas um fator que pode colaborar com isso é a manutenção dos cuidados com o corpo, através de exercícios físicos e da alimentação balanceada. “Manter bons hábitos alimentares, praticar atividades físicas com frequência, dormir bem, manejar o stress no nosso dia a dia, estar com as pessoas que amamos, fazer atividades ao ar livre...Isso pode fazer uma enorme diferença na resposta ao tratamento de uma doença autoimune”, diz Fernanda, apontando que manter o corpo saudável pode evitar danos maiores e permitir que cada paciente se recupere mais rapidamente caso haja algum problema. 

Já quanto à cura, as doenças autoimunes ainda não têm cura descoberta ou confirmada, mas exigem que cada paciente receba tratamentos paliativos, que lhe permitam levar uma vida com menos dificuldades. “Não há cura para as doenças autoimunes, mas com o tratamento específico, podemos controlar as fases de atividade da doença e contribuir para uma melhora da qualidade de vida dos pacientes”, orienta Malaman. 

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