Dezenove pessoas foram atendidas no Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse), vítimas de queimaduras durante o período correspondente ao ciclo junino de São João, 23 e 24, e São Pedro, 28 e 29 de junho. Um aumento de 39%, se comparado ao mesmo período do ano passado (2020), quando 12 pessoas foram atendidas com o mesmo diagnóstico. O que chama atenção para os casos são as seis vítimas de queimaduras por fogos de artifício, sendo quatro crianças.

“O que chama atenção esse ano é o número de crianças e adolescentes que foram atendidos com queimaduras envolvendo fogos de artifício, que muitas vezes não tem a habilidade de manusear, uma falta de senso de consequência dessas lesões que geralmente deixam marcas e levam a alguma incapacidade. O dia de São Pedro foi maior o número, fizemos o alerta para os cuidados, mas infelizmente, atendemos muitos casos na nossa sala de retaguarda que todos os anos designamos uma área para esse primeiro atendimento e se necessário são encaminhados para a nossa Unidade de Tratamento de Queimados”, informou Walter Pinheiro, superintendente do Huse.

O superintendente disse ainda que este ano, apenas uma criança precisou de cuidados especiais na UTQ. “Foi um acidente que aconteceu antes do São João e ela permanece internada, pois ela tem lesões na mão que envolveram retrações cicatriciais e amputação de partes de alguns dedos. Um adulto também segue internado na unidade de queimados devido uma queimadura elétrica na véspera do São João”, explicou Walter Pinheiro.

Vale ressaltar que nem todos os atendimentos foram por fogos de artifício. As vítimas de queimaduras envolvendo produtos inflamáveis, entre eles o álcool, também foram registradas nesse período no hospital. “Tivemos muitos atendimentos por líquido superaquecido e, principalmente, cozinhando com álcool. Pessoas queimadas por álcool líquido são de uma gravidade muito importante, temos recebido muitos casos nos últimos quatro anos, tem sido uma prevalência muito grande por causa do uso para higienização das mãos e no uso para cozinhar os alimentos”, destacou a coordenadora da cirurgia plástica do Huse, Moema Santana.

Como acontece todos os anos, o Huse se planeja nessa época do ano para os atendimentos às vítimas de queimaduras. Foi montada uma sala de contingência no Pronto Socorro criada pela alta demanda que costuma ser recebida nesse período do ciclo junino. Apesar dos alertas e da restrição quanto a soltar fogos e acender fogueiras, muita gente descumpriu o decreto e por isso acabou se queimando.

“Felizmente dentro destes casos, muitos foram liberados para continuarem o acompanhamento via ambulatorial e esse número foi superior ao do ano passado no momento em que a restrição era maior, mas ainda abaixo do que costumava a ser no período pré-pandêmico”, finalizou o superintendente do Huse.