Mais de 300 atrações locais fazem parte da programação dos 60 dias de festa; no Arraiá do Povo, das 94 atrações que subirão ao palco, 40 são sergipanas
No ‘país do forró’, a maior parte das vozes que ecoará nos 60 dias do maior festejo junino do estado tem sotaque sergipano. No Arraiá do Povo, das 94 atrações que subirão ao palco, 40 são sergipanas, o que representa mais de 42%. A representatividade acontece também no Arrastapé do 18: dos sete shows que acontecerão nas duas noites do evento, quatro serão conduzidos por artistas da terra, o que corresponde a 57%.
O protagonismo dos sergipanos é ainda mais expressivo na programação da Vila do Forró. Os 60 dias de festa, de 1º de junho a 30 de julho, serão conduzidos quase na totalidade por forrozeiros, trios pé de serra, grupos folclóricos, sanfoneiros e quadrilhas locais. O destaque das ‘pratas da casa’ também é uma realidade na ‘Segundona do Turista’, na tradicional Rua São João.
A participação dos artistas locais na animação dos festejos reflete a preocupação da gestão estadual com a valorização da cultura do estado. Quando somados, todos os eventos juninos realizados pela gestão estadual neste ano contam com a participação de mais de 300 atrações sergipanas, enquanto em 2023 foram aproximadamente 200, o que corresponde a um aumento de cerca de 50%.
Valorização e renda
A banda sergipana Fogo na Saia, por exemplo, marcará presença em dois desses eventos: Arraiá do Povo e Arrastapé do 18. Para o vocalista do grupo, Xande Melo, a inserção de artistas do estado em programações que mesclam atrações nacionais e locais contribui para a visibilidade desses músicos, uma vez que é esperado um grande público nesses eventos. “Um evento de 60 dias de forró realmente é um sonho, e essa quantidade toda de artistas sergipanos é muito importante. A gente fica muito feliz e honrado em fazer parte de um evento como esse”, pontuou.
Ele também chama a atenção para o papel dos festejos juninos para a geração de renda dos artistas sergipanos e para o fortalecimento da economia do estado. “Nós pagamos os nossos impostos aqui, em tudo que a gente investe na banda, em tudo que faz mover essa engrenagem, então essa renda também fica aqui”, acrescentou Xande Melo.
Assim como ele, a também vocalista do Fogo na Saia, Nanda Kaprity, considera a presença de artistas locais em eventos que também contam com músicos nacionais uma ferramenta poderosa de divulgação da cultura sergipana. E, segundo ela, o público pode esperar um show repleto de muita alegria, amor, envolvimento e troca.
“Muitas pessoas que vivem em nosso estado não conhecem ou não consomem os seus artistas. Estar em palcos de eventos como Arraiá do Povo é algo que engrandece o artista e o coloca numa condição de artista nacional, já que ele está se apresentando com artistas de renome, artistas que tocam no Brasil inteiro. Claro que a gente visa a visibilidade dos turistas, mas a gente visa também a oportunidade de mostrar ao nosso povo sergipano um pouco do nosso trabalho. Após o período junino, a gente continua vivendo de música, então é importante que as pessoas, principalmente as do nosso estado, conheçam nosso trabalho, para que a gente consiga ter espaços durante o ano todo”, enfatizou a cantora.
O presidente da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap), Gustavo Paixão, destaca que a maioria dos artistas sergipanos que compõem a programação dos festejos juninos do estado foram contratados por meio de edital, o que, segundo ele, demonstra a preocupação do governo com um processo de seleção justo e comprometido com a cultura sergipana. Além disso, ele citou que a Funcap planeja desenvolver ações de capacitação permanente para auxiliar esses artistas em relação aos procedimentos necessários da seleção via edital.
“Alguns artistas, infelizmente, não apresentaram a documentação necessária na fase final, mas isso é um ponto ao qual a Funcap está atenta. Estamos desenvolvendo um projeto para realizar, durante as edições do governo itinerante ‘Sergipe é aqui’, capacitações com esses artistas sergipanos, para que não ocorra mais esse tipo de situação e que esses artistas não fiquem de fora desses eventos por questões relacionadas à documentação. Sem sombra de dúvidas, isso vai ajudar muito os nossos artistas”, revelou Gustavo Paixão.
Terça do Arrocha
Outro ponto para o qual o presidente da Funcap chamou a atenção foi uma das novidades na programação do Arraiá do Povo, que este ano contará com um dia exclusivamente dedicado ao gênero musical ‘Arrocha’. “Estamos incrementando com a ‘Terça do Arrocha’, por Sergipe ser um verdadeiro celeiro desse gênero musical que faz tanto sucesso no estado. Mais que isso: temos grandes nomes sergipanos no cenário do Arrocha, então não poderíamos deixar de dar esse espaço a eles”, concluiu.
Um desses nomes é Nadson 'O Ferinha', natural de Tobias Barreto, no centro-sul sergipano, que tem ganhado cada vez mais destaque na música. "É gratificante ver que eles estão de olho nos artistas da terra. Já que aqui no Nordeste é uma tradição muito forte, quem ganha é o povo, em poder viver os festejos juninos com segurança e diversão para a família. Além de dar visibilidade aos artistas da terra, movimenta a economia local", colocou o cantor. E, segundo ele, o público pode esperar o melhor do seu show no Arraiá do Povo. "Além da tradicional sofrência que tem meu coração e é a minha praia, aguardem um repertório especial para poder curtir muito este São João", acrescentou.
Renda irlandesa
A valorização da cultura sergipana nos festejos juninos vai para além da música. Prova disso é que, este ano, o palco do Arraiá do Povo terá a renda irlandesa como elemento principal, dando ainda mais visibilidade a essa tradição do artesanato sergipano. Além disso, o espaço de economia solidária da Vila do Forró contará com diversos pontos de comercialização da renda, o que ajuda a fortalecer essa atividade econômica.
País do forró
Durante 60 dias, o clima junino tomará conta do estado, fortalecendo o turismo, a cultura popular e aquecendo a economia em vários setores envolvidos na realização dos eventos. A programação do Arraiá do Povo e Vila do Forró é uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Secretaria Especial da Comunicação (Secom), Secretaria de Estado do Turismo (Setur) e Banese, com apoio da Energisa, Netiz e Shopping Jardins, e patrocínio da Eneva, Pisolar, Deso, Maratá, GBarbosa e Serviço Social do Comércio (Sesc).