Para o efetivo enfrentamento do novo coronavírus na capital sergipana, faz-se necessário que a população colabore com as ações do poder público e cumpra as medidas de distanciamento social determinadas pela Prefeitura de Aracaju, em conformidade com as recomendações das autoridades sanitárias do país.
Publicadas em decretos municipais, as medidas que restringem a circulação de pessoas nas ruas de Aracaju objetivam reduzir o pico de transmissões e o consequente colapso do sistema de saúde, assim como atenuar os problemas causados pela paralisação temporária da atividade econômica.
Entretanto, apesar da implementação de medidas preventivas e da fiscalização contínua do cumprimento destas, por parte da Prefeitura, o índice médio de distanciamento social, por volta de 50%, está distante do recomendável, que é próximo a 70%, segundo a Organização Mundial da Saúde. Sendo assim, faz-se necessário que os aracajuanos cumpram os dispositivos legais recém editados pela administração municipal e reconheçam a gravidade do contágio da covid-19.
O distanciamento social, conforme atesta a experiência internacional, é amplamente defendido pelos infectologistas e especialistas em saúde pública e continua a ser a melhor alternativa para que a curva de transmissões por coronavírus seja achatada, o que é imprescindível para evitar o colapso do sistema hospitalar brasileiro.
Por se tratar de um vírus que é propagado através de gotículas de saliva ou secreções vindas de pessoas infectadas, o contágio pode se dar tanto por contato direto com um enfermo quanto ao tocar uma superfície infectada.
Desta maneira, reduzir o contato físico significa a redução, também, do potencial de transmissão entre as pessoas. Adotar a quarentena e estar atento à necessidade de etiqueta respiratória e aos cuidados com a higiene são as grandes armas para combater este “mal invisível”.
É por esse motivo que a Prefeitura de Aracaju tem adotado diversas medidas para impedir aglomerações. No entanto, como mostram dados de georreferenciamento, por meio da localização dos telefones celulares, a adesão por parte dos aracajuanos está longe do ideal.
O Brasil registrou seu primeiro caso de coronavírus no dia 25 de fevereiro, quando 36% dos cidadãos de Aracaju estavam em suas residências. Este é um número de referência, uma vez que não está muito longe da média em que se encontrava antes da pandemia. Além disso, a variação entre 25% e 36%, com picos nos finais de semana, seguiu até a edição do primeiro decreto municipal para o enfrentamento do coronavírus em Aracaju.
No dia 14 de março, a capital sergipana confirmou seu primeiro caso, e contava com um índice de isolamento de 32%. Na data da edição do primeiro decreto, 16 de março, o mesmo índice apontava 34,5%.
A referida legislação suspendeu as aulas nas escolas, faculdades e universidades públicas e particulares. Além disso, proibiu atividades em cinemas, teatros e afins, assim como reuniões e solenidades que reunissem mais de 100 pessoas em ambientes fechados e 250 pessoas em lugares abertos. O efeito pôde ser sentido já no dia posterior, quando o índice de isolamento social atingiu 46%, um aumento significativo.
O 17 de março, posterior, portanto, à edição do decreto, foi também o dia em que a primeira morte foi registrada no país. No entanto, lamentavelmente, até o dia 22 de março (quando anunciou-se o fechamento dos shoppings centers e a redução da frota de ônibus), os índices voltaram a reduzir, inclusive drasticamente, voltando ao patamar anterior aos dias de pandemia, na capital sergipana.
Aliás, o dia 22 é, até o momento, o pico registrado, com 65,2%, mais próximo do número ideal apontado pela OMS. Nos dias que se seguiram uma série de outras medidas foram tomadas, como monitoramento do aeroporto, redução do horário de expediente de órgãos e secretarias e carros de som espalhados pela cidade alertando sobre a gravidade da doença e a necessidade de cumprir a quarentena.
O período compreendido entre os dias 22 e 29 de março foi aquele em que a média esteve em melhor momento até agora, com o índice variando entre 52 e 65%. No dia 25 foi quando a transmissão comunitária, quando não se pode mais constatar a origem do contágio, foi confirmada.
Contudo, os registros voltaram a baixar já nos dias 30 e 31, chegando a 50% no dia 2 de abril, data da primeira morte em Aracaju. E o pior, mesmo após a fatalidade, o número de pessoas que estão aderindo ao isolamento caiu, atingindo apenas 47% no dia 3 e 49% no dia 6.
Foi nesse período que foram vistas, por exemplo, cenas de aglomeração em praias e outros espaços de lazer, o que fez a gestão bloquear o acesso aos estacionamentos da Orla, Praia Formosa e 13 de Julho, assim como interditar, até o momento, as praças da Imprensa, Tobias Barreto, Luciano Barreto Júnior e outras áreas de lazer da cidade.
Desta forma, mesmo com uma fiscalização contínua, determinações e medidas em vigor, Aracaju encontra-se entre as três piores capitais do país no que se refere à obediência ao distanciamento social. Neste momento, é preciso ampliar o entendimento de pensamento coletivista, onde cada qual se compromete em fazer sua parte, inclusive sacrifícios, para atingir um bem maior para todos.