O Instituto de Criminalística (IC) concluiu o laudo pericial sobre o incêndio que ocorreu no Hospital Municipal Zona Norte Doutor Nestor Piva, no dia 28 de maio. A área onde teve início o incêndio foi a de prescrição médica e o fogo se propagou para a sala de medicamentos, e a partir daí houve a ampliação do incêndio. O IC concluiu que não houve um incêndio provocado por ação direta e proposital. Também foi descartada a possibilidade de o incêndio ter-se originado acidentalmente, resultado de imprudência ou negligência de alguma pessoa ao manipular material ou produto incandescente.

O laudo foi emitido pelo perito signatário José Fernando Dutra Fontes. Os exames periciais foram realizados em quatro áreas do local alvo: Área 01 (Sala de Estabilização); Área 02 (Sala de Medicamentos); Área 03 (Sala de Prescrição Médica) e Área 04 (Enfermaria).

O exame pericial teve por objetivo constatar os vestígios materiais produzidos pela destruição total ou parcial de objetos, edificações e estruturas do local, em virtude da ação direta ou indireta do agente físico fogo, e estabelecer a etiologia do incêndio, ou seja, determinar o ponto de origem - foco do fogo -, o agente ígneo - fonte de calor -, a causa e a classificação do incêndio. Além de verificar, se houve perigo à vida e as demais circunstâncias para a elucidação do fato.

O laudo concluiu que, em face dos exames realizados e considerando os resultados, a perícia apontou, como hipótese mais provável, a ocorrência do fenômeno termoelétrico de sobrecarga na Área 03 da UTI – Ala Covid do Hospital Municipal Zona Norte Doutor Nestor Piva (Sala de Prescrição Médica), em decorrência do aumento da potência do sistema elétrico, consequência da derivação realizada no circuito a partir de uma das tomadas da Área 04 (Sala de Enfermaria).

Elementos materiais

O traço de fusão coletado foi avaliado utilizando-se um Microscópio Digital com ampliação de até 500x. Durante a análise, verificou-se pouco grau de polidez, maior rugosidade em sua superfície, rigidez, e forma irregular. Posteriormente, o traço foi submetido à corte de seção transversal através da máquina de corte com faca rotativa IsoMet LS na Universidade Federal de Sergipe (Campus Itabaiana). A seção também foi avaliada microscópicamente, confirmando a análise anterior.
 

Os cabos elétricos coletados na sala de medicamentos e na sala de enfermaria foram mensurados com o auxílio de um paquímetro -  ferramenta de precisão que mede distâncias. Através de fórmula 

chegou-se ao valor da área da seção. De acordo com a NBR 5410:2004, que define regras e condições para instalações elétricas, os cabos (azul, verde e vermelho) deveriam apresentar a mesma seção, contudo, o cabo de cor verde (condutor neutro) apresenta seção interna inferior à mínima recomendada. Dessa forma, percebeu-se que o condutor neutro coletado estava em desconformidade. Os fios elétricos foram submetidos a exames no Instituto de Pesquisas e Análises Forenses (IAPF) para fazer análise da composição do material e foi identificado que os cabos possuem em sua composição o PVC, policloreto de vinila, que é substância tóxica quando submetidas a altas temperaturas. 

O laudo pericial já foi encaminhado para o delegado André Gouveia, da 3ª Delegacia Metropolitana, responsável pela condução das investigações.