No início de março deste ano, os pastores da igreja Evangelho Quadrangular, Luiz Antônio da Silva e Lucas Abreu foram denunciados por fiéis da igreja, pela prática de crimes sexuais. As investigações foram iniciadas e o inquérito instaurado pela Delegacia Especial de Proteção à Criança e ao Adolescente e pela Delegacia Especial de Atendimento à Mulher.
Na manhã desta quarta-feira, 26, por meio de uma coletiva de imprensa realizada pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), as delegadas responsáveis pelas investigações, Mariana Diniz, Josefa Valéria e Renata Aboim deram detalhes da conclusão das investigações. Os inquéritos foram realizados separadamente. O pastor Luiz Antônio foi indiciado por prática de violação sexual mediante fraude e o pastor Lucas Abreu foi indiciado por assédio sexual, violação sexual mediante fraude e estupro vunerável.
De acordo com a delegada Josefa Valéria, durante os desdobramentos das investigações foi constatado que duas das vítimas eram adolescentes quando o crime aconteceu, uma tinha 13 e a outra 15 anos. A delegada enfatiza que apesar do ato já ter decorrido há mais de 10 anos, as investigações não foram impossibilitadas.
“A gente poderia ter exames de corpo de delito, a gente poderia ter requisitado buscas e apreensões, quebras de sigilo, outras formas de prova que poderiam comprovar com mais força os indícios que a gente já tinha. Infelizmente, os crimes que eu investiguei decorreram há mais de 10 anos atrás e isso dificultou o armazenamento dessas provas, mas não impossibilitou. É bom reforçar que as vítimas venham, mesmo que tenha ocorrido há muito tempo, não deixem de denunciar. Mas, assim que ocorra o crime, pensem que estamos aqui à disposição, para recebê-las, acolhê-las, e o mais rápido possível a gente consegue fazer uma investigação melhor”, disse Josefa Valéria.
A diretora do DAGV, Mariana Diniz destaca que todas as investigações são realizadas em sigilo, visando garantir a segurança das vítimas. “É importante ressaltar que essas investigações assim como todos os outros casos que são apurados por este Departamento de Atendimento a Grupos Vulneráveis, se dão de forma sigilosa, de forma discreta, a fim de assegurar a integridade física, moral e a segurança das vítimas. Assim como atuamos de maneira imparcial e dentro da legalidade, com o único objetivo de esclarecer a verdade dos fatos”, disse a delegada.
A delegada da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (DEAM), Renata Aboim, ressalta que durante as investigações foram ouvidas 22 pessoas, entre elas estavam: testemunhas, noticiantes e os investigados. Duas dessas pessoas foram ouvidas em dois Estados da região norte do Brasil. A delegada ainda ressalta que os inquéritos foram divididos em dois. Quatro noticiantes do pastor Lucas Abreu e sete noticiantes do pastor Luiz Antônio. Desse o crime mais recente ocorreu em 2018, o que dificulta as investigações. “Dentre os casos, o que supostamente ocorreu mais recentemente foi no ano de 2018, ou seja há três anos atrás. Isso dificulta muito o trabalho da polícia, fica quase impossível da gente conseguir obter provas e principalmente quando a gente está falando de crimes sexuais e de crimes que não deixam vestígios. Então, esses inquéritos policiais são exemplos do quanto é importante as vítimas procurarem a polícia o mais rápido possível, após serem vítimas de qualquer tipo de crime”, destaca Renata Aboim.
A delegada Renata Aboim ainda ressalta a importância das vítimas registrarem a denúncia o quanto mais rápido. “A gente volta a reforçar a necessidade da denúncia, volta a alertar as vítimas de que a Polícia Civil é uma instituição parceira que está aqui de portas abertas para receber as vítimas a qualquer tempo. O DAGV funciona 24 horas, então a gente pede para que essas pessoas nos procurem o quanto antes, para que a gente possa fazer uma investigação mais completa e para que a gente também possa mostrar os fatos da maneira que eles ocorreram, e assim conseguir passar para justiça um material que dê azo à instauração de uma ação penal”, enfatiza a delegada.