Gritos, ameaças, chantagem, manipulação, agressões físicas, são alguns dos tipos de violências psicológicas e físicas enfrentados por muitas mulheres. Para conscientizar o público feminino e prevenir que os casos evoluam para situações ainda mais drásticas, como o feminicídio, as equipes da Prefeitura de Aracaju, que prestam assistência às mulheres, têm utilizado o Violentômetro, gráfico ilustrado em formato de régua que apresenta os graus de violência, auxiliando as vítimas a se tornarem conscientes dos abusos, tomando medidas para evitar o avanço para os índices mais graves.
A coordenadora de Políticas Públicas para as Mulheres da Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju, Edlaine Sena, relata que o Violentômetro foi elaborado em 2017, na Paraíba. Devido à relevância da iniciativa, o Conselho Nacional da Justiça (CNJ) recomendou sua utilização como instrumento de orientação. A partir de então, a Prefeitura de Aracaju passou a utilizar o Violentômetro nas ações de prevenção à violência contra a mulher.
“O feminicídio não acontece de uma hora para outra. Ele vai perpassando comportamentos que precisam ser advertidos, do xingamento ao puxão de cabelo, difamação, entre outros, e o Violentômetro mostra essas escalas. Tem muitas mulheres que só se dão conta de que estão em uma situação de violência quando acessam o Violentômetro. Então, ele serve tanto na questão da prevenção como também para alertar aquelas mulheres que estão passando por essa situação, mas que não conseguem visualizá-la”, explica a coordenadora.
A partir do Violentômetro é possível identificar três níveis de violência: o inicial, caracterizado por piadas ofensivas, chantagens, mentiras, ciúmes, culpabilização, desqualificação, ridicularização e ofensa; o segundo nível, quando a violência evolui e a mulher pode passar a ser humilhada em público, ameaçada, tem as atividades controladas ou proibidas, além dos xingamentos, brincadeiras de bater, empurrão; e o nível mais alto da violência, quando a agressão passa a ser física, com tapas, chutes, agressões com objetos, ameaça de morte, lesão corporal grave, até o comportamento final, que é o de tirar a vida da mulher.
Divulgação social
O Violentômetro é distribuído para toda a sociedade aracajuana em diversas ações da Assistência Social, como feiras livres, polos da Academia da Cidade, reuniões com mulheres nas recepções das Unidades Básicas de Saúde (UBSs), nos Centros de Referência da Assistência Social (CRAS) e de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), além das ações realizadas pela Guarda Municipal de Aracaju (GMA), especificamente pela Patrulha Maria da Penha (PMP).
Segundo dados da PMP, desde a implantação do projeto, em 2017, até o dia 4 de agosto, foram realizados 11.303 visitas e patrulhamentos. Em todas as ações, o Violentômetro esteve presente.
“Quando realizamos ações de prevenção nas comunidades, nas escolas, e todas as vezes que somos solicitados, levamos o instrumento para distribuir entre as mulheres, para que elas se contextualizem e possam identificar se estão em um processo de violência ou não, e em que pé está a situação”, destaca a coordenadora da PMP, Vileane Brito.
Segundo a coordenadora, além de distribuir o Violentômetro, a Patrulha também conversa com a comunidade, explicando e orientando sobre a questão. “É um material realmente valioso porque, juntamente com a nossa fala, as mulheres podem fazer a conexão do que nós falamos com o que está na régua, e assim ela terá uma visão mais ampla sobre a questão da violência. Sem contar que é um instrumento bem didático”, salienta Vileane.