Nutricionista tem papel essencial na atenção primária à saúde e manutenção da alimentação saudável
O Brasil está de volta ao mapa da fome. De acordo com a Organização das Nações Unidas, a fome crônica atingiu 4,1% da população, isso significa que 33,1 milhões de pessoas enfrentam insegurança alimentar grave. Em contrapartida, o País desperdiça cerca de 27 milhões de toneladas de alimentos anualmente. O aumento nos índices de fome se devem à pandemia de covid19, a falta crônica de alimentos e à inflação global, que influenciaram na alta dos preços dos produtos e outros itens.
“A sociedade como um todo está produzindo uma quantidade de lixo orgânico de algo que pode ser reaproveitado. Então, quando a gente reeduca a população, do mais rico ao mais pobre, a gente consegue combater a raiz do problema. Como que é um país que mais desperdiça e é um país que está no mapa da fome? As contas não batem, então alguém está errando”, diz a nutricionista formada pela Universidade Tiradentes, Alicia Mylena.
Alimentos próximos à validade, cascas de pão, frutas, legumes e verduras, e talos que são jogados fora muitas das vezes quando é possível reaproveitá-los. Diante da situação, o papel do nutricionista torna-se essencial na atenção primária à saúde, observando a condição socioeconômica do paciente, além da sensibilização ao aproveitamento dos alimentos em sua totalidade.
“É papel do nutricionista promover saúde. O Guia Alimentar para a População Brasileira existe para utilizar como base e trazer o básico: arroz, feijão, ovo… e mostrar como preparar esse alimento de forma diferente. Quando a gente reeduca o nosso paciente, desde o mais rico ao mais pobre, a gente consegue combater a raiz do problema e assim vai passando de um para outro. Então, a gente precisa, como o nutricionista, reeducar a população, levar informação, porque a gente tem informação segura”, afirma.
Trocas duvidosas
Diante da situação econômica do Brasil, muitos fabricantes estão substituindo ou diluindo os produtos para baratear a produção, mas não sinaliza corretamente para o consumidor que são subprodutos. No entanto, não possuem os mesmos nutrientes que o produto original, provocando desequilíbrios na nutrição e doenças.
“O cliente não se atenta ao que está escrito na embalagem, que muitas vezes é igual ou muito parecida. Não tem uma identificação para que o comprador visualize que ali não é um leite, por exemplo, mas um composto lácteo. Então, ele compra achando que é leite, o sabor é parecido, mas é muito mais diluído, cheio de açúcar, conservantes e outros processados”, explica Alicia.
“A falta daquele alimento vai trazer desnutrição e prejuízo à saúde do paciente, uma doença, por exemplo. Se ele só comer alimentos mais acessíveis, mais baratos, alimentos mais ricos em gorduras e açúcares, industrializados, vai desenvolver diabetes ou hipertensão e isso já é um problema de saúde pública”, enfatiza.
Fonte: Asscom Unit