O Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc) desenvolveu mais de 50 projetos e formou mais de 130 pesquisadores na área de petróleo, gás, energia e biocombustíveis
O cenário da ciência e tecnologia de Sergipe celebra os 15 anos de um marco importante em sua história: a criação do Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc), que pertence ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), uma das instituições mantidas pelo Grupo Tiradentes. Inaugurado em 8 de fevereiro de 2010, através de uma parceria do ITP com a Universidade Tiradentes (Unit), a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), ele se consolidou como um dos mais importantes núcleos de pesquisa científica do Estado, servindo de instrumento para o desenvolvimento de tecnologias e a formação de profissionais na área de petróleo, gás, energia e biocombustíveis.
O centro de pesquisa está instalado em um bloco de um bloco de 1.080 m² no Campus Farolândia da Unit, em Aracaju, e se dedica a estudos sobre sistemas coloidais de petróleo, desenvolvimento de processos para processamento de biomassa e formação de micro e nanopartículas. Atualmente, ele conta com um corpo técnico de 60 pesquisadores, entre professores, pós-doutores, técnicos e alunos de graduação, mestrado e doutorado. Essas equipes estão trabalhando em 10 projetos, desenvolvendo tecnologias inovadoras para a produção e processamento de energia em sistemas pressurizados.
Os projetos se dividem em três grandes linhas de pesquisa. A primeira é focada na caracterização de fluidos e de processos na área de óleo, gás e biocombustíveis. A segunda é voltada à análise de processos à alta pressão, como reservatórios de óleo e gás, e desenvolvimento de sensores para monitoramento de processos. E a terceira se concentra na transição energética, incluindo a captura e conversão de gás carbônico (CO2) e a produção de biocombustíveis sustentáveis a partir de biomassas da região Nordeste, abrangendo também o uso de resíduos urbanos e agroindustriais.
“Essa é uma área de tecnologia de ponta e que tem dado abrigo aos nossos programas de stricto sensu, assim como a várias outras áreas da pós-graduação que utilizam permanentemente o ITP como um ambiente de pesquisa, de experimentação e de comprovação das suas hipóteses, para formar suas dissertações e suas teses muito bem balizadas. O Nuesc tem um papel importantíssimo que vai além do próprio ITP, na medida em que atua na formação dos nossos alunos”, ressalta o presidente do ITP, Paulo do Eirado Dias Filho.
Ao longo destes 15 anos, a equipe do Nuesc atuou em 55 projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com mais de R$ 80 milhões em convênios e financiamentos. Esse total foi investido por agências nacionais de fomento como o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior) e a Fapitec/SE (Fundação de Amparo a Pesquisa e Inovação do Estado de Sergipe), além de empresas como Petrobras, Braskem, Suape Energia e Galp (companhia de petróleo, gás e energia de Portugal).
“O Nuesc é um produto sergipano, criado com pessoas e com estruturas que já estavam aqui. Tudo foi construído a partir de sementes plantadas dentro da instituição e do Estado. Ele é um excelente resultado da qualidade das atividades de ciência e tecnologia que são executadas em Sergipe. Como resultado disso, o núcleo está à disposição e quer cada vez mais fazer parte desse ecossistema sergipano da área de energia, tendo todas as condições para fazer um trabalho de excelência, a nível nacional e internacional nessa área”, assegura o pesquisador Cláudio Dariva, coordenador do Nuesc e professor do Programa de Engenharia de Processos (PEP/Unit).
Formação qualificada
Em colaboração com os programas de pós-graduação stricto sensu da Unit, o Nuesc já formou um total de 132 pesquisadores com mestrado, doutorado e pós-doutorado nas áreas de Engenharia de Processos e Biotecnologia Industrial. Além disso, mais de 150 alunos de graduação da universidade desenvolveram pesquisas em projetos de Iniciação Científica (IC). Esse trabalho de formação se deu através do desenvolvimento de teses e dissertações de mestrado e doutorado, gerando como produto o depósito de 33 patentes (sendo oito patentes concedidas) e mais de 150 artigos científicos publicados em periódicos de renome internacional. Além disso, boa parte destes egressos está inserida nos mercados do setor energético no Brasil e no exterior, seja em empresas públicas e privadas, seja em institutos, universidades e centros de pesquisa.
A atuação do núcleo também aprimora a qualidade das atividades de pesquisa e desenvolvimento da Unit, auxiliando no reconhecimento da comunidade nacional e na obtenção de notas elevadas de seus programas de pós-graduação obtidas nas avaliações periódicas da Capes: o PEP e o PBI (Programa de Biotecnologia Industrial) obtiveram nota 6 na última avaliação, sendo considerados de excelência internacional.
“O Nuesc é um braço forte que vem contribuindo decisivamente para o crescimento e a melhoria da qualidade dos programas de pós-graduação da Universidade. A cada avaliação da Capes, nossos programas de pós graduação sobem de nota e isso certamente tem a colaboração das atividades que são feitas dentro do laboratório e de sua infraestrutura de ponta”, cita o professor Dariva, acrescentando que boa parte destes trabalhos foram demandados e aplicados por empresas e órgãos do setor, gerando impacto na comunidade.
As atividades de ensino e pesquisa permitiram ainda parcerias importantes do Nuesc/ITP com outras instituições. Há colaborações ativas com a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e as universidades federais de Sergipe (UFS), da Bahia (UFBA), do Ceará (UFC), de Santa Catarina (UFSC), do Paraná (UFPR), do Rio de Janeiro (UFRJ) e de São Carlos (UFSCar/SP), além da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Já no exterior, essas colaborações são com universidades de Portugal, da Espanha, da França, do Canadá e dos Estados Unidos.
“O Nuesc representa uma produção científica de ponta, produzida em um ambiente de alto nível de equipamentos e de alto impacto, onde a gente pode não só ter e atrair profissionais de alto nível, principalmente professores e pesquisadores, mas também garantir a formação de excelência dos nossos alunos. É fundamental ter um ambiente como o Nuesc, muito favorável à pesquisa, onde uma série de empresas petrolíferas batem na porta para encomendas tecnológicas, para projetos de pesquisa e desenvolvimento, e para a formação de pessoas na área. Sem dúvida nenhuma, o Nuesc foi um dos nossos grandes projetos e a gente espera que ele ainda traga muitos frutos”, destaca o diretor de relações institucionais da Unit, professor Marcos Wandir Nery Lobão.
Autor: Gabriel Damásio
Fonte: Asscom Unit