O mamoeiro, que pode chegar a quase 10 metros de altura, dá fruto doce e suculento, bastante popular no Brasil. Seu cultivo tem ganhado espaço em Sergipe, a partir da irrigação, há bastante tempo. No estado, a variedade mais produzida e comercializada é o mamão havaí, também conhecido como papaia. No município de Lagarto, a 75 km da capital, o Governo do Estado fornece água e assistência técnica agrícola para que agricultores produzam o mamão de forma competitiva aos produtos vindos de outros estados. Com o subsídio oferecido através da Companhia de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e irrigação de Sergipe (Cohidro) e o uso de recursos tecnológicos, como a fertirrigação e a microaspersão, os produtores geram renda familiar e abastecem, com o fruto, os mercados de Lagarto e região, durante o ano inteiro.
No Perímetro Irrigado Piauí, administrado pela Cohidro naquele município, o agricultor Josenaldo Conceição possui 3 mil pés de mamão distribuídos em parcelas, cada uma plantada em uma data, que começam a produzir cerca de sete meses após o plantio. Segundo o fruticultor, a estimativa é que sua produtividade média alcance 16 toneladas por hectare. “Em média, consigo tirar de 40 a 50 caixas por dia, quando as coisas estão no auge. Ouvi dizer que era bom e decidi experimentar. Gostei e continuei plantando”, considerou o produtor. Ele utiliza a fertirrigação, em que a adubação é diluída na água de irrigação, e a microaspersão - equipamentos de dispersão de água que geram economia, ao irrigar somente a parte necessária. Ele conta também que, por ter plantado em épocas diferentes, consegue vender o ano inteiro, algo que já faz há quatro anos, desde que começou a apostar no mamão.
A tática de cultivar pomares de mamão em épocas diferentes também é adotada pelo produtor Edelzio Goes, que planta o fruto há quase 10 anos e, hoje, possui mais de 1.500 pés, divididos entre suas três lavouras. “Vale muito à pena, apesar de ser trabalhoso. Aparece muita doença, por isso, tem que ter muito cuidado para produzir”, afirma. Para o produtor, a qualidade vale mais que a quantidade na hora de precificar a produção. “Você pode plantar muito, mas se não cuidar direito, não tem qualidade. Do meu cultivo, vendo tudo para uma única pessoa. Às vezes, é um pouco difícil calcular a quantidade da produção. Recentemente, tirei mil caixas. Então, se for calcular como se tivesse 30kg cada, daria 30 toneladas, mas esse número também não é muito preciso”, detalha.
Por ter raiz curta e esparramada, é necessário fazer o controle da quantidade de água, para que o excesso não prejudique as plantas. A assistência dos técnicos agrícolas do perímetro Piauí orienta os produtores a fazer esse controle de disponibilidade hídrica, além do controle fitossanitário, prescrevendo tratamentos para pragas e doenças, como aponta Willian Domingos, técnico agrícola da Cohidro. “No primeiro passo, é feita uma análise do solo, em seguida, o coveamento. A análise do solo serve para compreender quais os tipos de adubo que poderão ser usados. Na produção do Josenaldo, por exemplo, foi utilizado o esterco bovino. Já o processo chamado de coveamento consiste no tamanho da escavação onde o mamoeiro irá se enraizar”, orienta.
O técnico agrícola afirma, também, que para o cultivo ter um bom desenvolvimento é necessário se atentar aos cuidados desde a sua germinação, preparando bem o solo. “Nas plantações dos dois irrigantes é usado o espaçamento entre plantas 2x2m e, entre linhas, 2,5m. Agora, eu recomendo 2,5x2,5m entre plantas e 3m entre as linhas. As covas têm 40x40cm de profundidade e largura”, conta Willian. No perímetro de Lagarto, a produção de mamão em 2018 foi de 151 toneladas, produzidas em uma área total de 2 hectares, à época. Em valores corrigidos pelo IGP-M, a produção rendeu aos irrigantes aproximadamente R$ 134 mil.
Fonte: ASN