Depois de um velório na sede do Congresso com todas as honras, a Argentina se despede nesta segunda-feira (15) do ex-presidente Carlos Menem, que faleceu no dia anterior aos 90 anos e que marcou o país com políticas neoliberais nos anos 1990.

Menem, que governou a Argentina entre 1989 e 1999, será sepultado nesta segunda à tarde no cemitério islâmico de Buenos Aires, onde repousa seu filho Carlos Junior, que morreu em um acidente de helicóptero em 1995.

"Ele vai descansar no cemitério islâmico com meu irmão, apesar de professar a religião católica, para ficar com meu irmão", disse sua filha Zulemita Menem.

Senador desde 2005, Menem foi homenageado no Congresso pelo presidente Alberto Fernández e pela vice-presidente Cristina Kirchner, de suas mesmas fileiras peronistas, e por outras personalidades políticas.

Centenas de partidários fizeram fila do lado de fora do Congresso, sob chuva intermitente, para participar do velório.

 

Desde meados de 2020, a saúde de Menem vinha se deteriorando e ele teve que ser hospitalizado várias vezes em decorrência de diversos problemas. Sua morte ocorreu no domingo em uma clínica em Buenos Aires.

Privatizações

Durante seu governo, privatizou a maioria das empresas públicas e estabeleceu uma paridade de um peso igual a um dólar, esquema que gerou abundância repentina, mas que explodiu em 2001, causando a pior crise econômica, política e social da história do país.

"Quando ele assumiu a presidência, eu tinha uma fábrica (de calçados). Ele deixou entrar absolutamente tudo de fora e minha fábrica afundou. A partir daquele momento, não consegui recuperar nada", lembrou-se amargamente Mario Kellman à AFP.

Outros, por outro lado, agradecem que durante seu governo "era possível viajar" ao exterior, devido à valorização da moeda argentina.

Carismático e excêntrico


Descendente de imigrantes sírios, Menem era conhecido pelo apelido de "El Turco".

Ele é lembrado por suas excentricidades, seu gosto pelo luxo, pelos carros Ferrari e por se exibir com belas mulheres.

"Tinha um carisma enorme", lembrou o presidente Fernández. "Devemos reconhecer seu valor e seu apoio à democracia. Quando veio a ditadura, ele ficou anos preso", destacou o presidente.

Antes de chegar à presidência, Menem foi governador de sua província natal, La Rioja, duas vezes, a primeira em 1973. Expulso do cargo na época do golpe de Estado de 1976, ficou preso por dois anos.

Menem promoveu uma reforma da Constituição que em 1994 introduziu a reeleição presidencial imediata, além de abolir a obrigatoriedade de professar a religião católica para quem exerce a liderança do Estado.

Também indultou os maiores responsáveis pela última ditadura (1976-1983) que haviam sido processados e membros de organizações guerrilheiras de esquerda.

Ele foi julgado por contrabandear armas para a Croácia e Equador e por encobrir o ataque contra a mútua judia AMIA em 1994, que causou 85 mortes.

Também foi processado em casos de corrupção, mas nenhum dos casos chegou a um julgamento final e seus privilégios parlamentares o protegeram da prisão.

O ex-presidente casou-se e divorciou-se duas vezes, a primeira com Zulema Yoma e a segunda com a ex-Miss Universo chilena Cecilia Bolocco.

Com Zulema teve dois filhos: Zulemita e Carlos. Com Bolocco teve Máximo. Ele também era o pai de Carlos Nair Menem Meza.

Fonte: R7

Foto: Diaz Azcue/Senado Argentino