oi realizada, nesta segunda-feira (5), o Seminário ‘Espaço e Prevenção Contra Violência à Mulher – Desafios e Horizontes’. A proposição é da Procuradoria Especial da Mulher da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe (PromuAlese).

O evento ocorreu no plenário da Alese, e contou com a presença de profissionais da saúde de diversas áreas. O objetivo é capacitar os profissionais no atendimento das mulheres vítimas de violência para que reconheçam e auxiliem estas pessoas que passam pelo problema.

Deputada Maisa Mitidieri

A procuradora especial da mulher, deputada Maisa Mitidieri (PSD), falou que é necessário garantir o atendimento a estas mulheres em todas as áreas para que elas se sintam seguras em se desvincular dos seus agressores.

“A gente precisa procurar parceiros e buscar união para que a gente possa fortalecer esse combate. A procuradoria não tem o foco só na violência contra a mulher, mas em tudo que diz respeito a mulher, como a saúde e tudo que se relaciona à mulher. É um espaço que vem tomando uma proporção grande na Assembleia Legislativa e isso a gente vem buscando porque o espaço da mulher é esse: crescer cada dia mais”, afirmou.

A Juíza Coordenadora da Mulher, do Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe (TJSE), Jumara Porto Pinheiro, destacou os números dessa violência. A magistrada enalteceu que durante todo o ano passado o Brasil aumentou em 5% o número de feminicídio, contabilizando, assim, mais de 1.400 mulheres assassinadas; esta estatística negativa representa uma mulher morta violentamente a cada seis horas.

Juíza Jumara Porto Pinheiro

“A gente vive em um país com muita violência, então realmente a gente necessita capacitar profissionais de todas as áreas, mas principalmente da área de saúde porque eles precisam entender que essa notificação compulsória é necessária para a gente conseguir mapear o índice de violência, e, assim, conseguir agir de maneira preventiva na melhoria da qualidade de vida e proteção das mulheres”, declarou a coordenadora.

O presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Sergipe, Enock Ribeiro, concorda que todos os profissionais com atuação na área da Saúde – seja em unidades da rede pública ou particular -, precisam estar atentos e preparados para melhor agir ao se deparar com casos de violência contra a mulher.

Enock Ribeiro

“A porta de entrada, do combate a essas violências, é justamente a unidade básica de saúde e os hospitais. Então, a gente está treinando os nossos profissionais para qualquer intercorrência que chegue nas unidades; uma especialização para observar bem os sinal de alerta, e, desta forma, melhor agir nos encaminhamentos para que não volte a acontecer”, falou.

A dentista Rosiane Gomes destacou a importância de receber esta capacitação. Ela afirmou que é necessário falar sobre o assunto para que todos possam entender a forma correta de agir no acolhimento às vítimas.

Dentista Rosiane Gomes

“As mulheres muitas vezes escondem por medo e vulnerabilidade, então quanto mais se discute o problema, mais vamos conseguir multiplicar a rede de apoio e confiança; além disso, nós, como profissionais de saúde, costumamos receber e perceber esses casos. É importante trazer esse tipo de discussão para que os gestores de saúde possam enxergar de forma mais ampla essa violência”, acrescentou.

A diretora de proteção e combate à violência contra a mulher, da Secretaria Especial de Política das Mulheres, Ana Carolina Machado Jorge, destacou que o atendimento humanizado precisa ser primordial nesse momento.

“Essas capacitações, além de levar informação, também sensibilizam o profissional e faz ele compreender alguns preconceitos que ele carrega consigo, os quais precisam desconstruir e não revitimizar esta mulher com a prática da violência institucional. É um grande caminho, com o acolhimento e encaminhamento dessa mulher para os serviços da proteção da rede”, detalhou.

Ana Carolina Machado Jorge

Ela ainda criticou a falta de entendimento sobre o contexto do que é violência, bem como quem costuma se tornar vítima. Fazer a mulher compreender o problema que está enfrentando é o primeiro passo.

“Não só a vítima deixa de entender que é uma violência, como muitas vezes o próprio profissional da Saúde não sabe como fazer o encaminhamento; muitas vezes chega uma demanda até ele, quando na realidade não se trata de um problema só da pasta dele, mas também do coletivo”, completou.

Fotos: Joel Luiz/Agência de Notícias Alese