Na sessão plenária desta quinta-feira, 16, a deputada estadual Linda Brasil (Psol) demonstrou sua preocupação com a situação das eleições para a reitoria na Universidade Federal de Sergipe (UFS). De acordo com a crítica feita na tribuna na Assembleia Legislativa, a forma como se encaminha para o processo de escolha para a nova gestão da reitoria não seguem os processos democráticos historicamente realizados tendo a escuta popular como princípio básico.

De acordo com Linda, desde a sua fundação até o ano de 2020, o processo para eleição da Reitoria da UFS sempre foi precedido por uma consulta pública, que envolve toda a comunidade acadêmica (professores, técnicos administrativos e estudantes) na escolha do novo reitor. A partir dessa consulta, é construída uma lista tríplice com os três nomes mais votados e o primeiro colocado é reconhecido como eleito pelo Conselho Superior (CONSU).

A deputada denunciou que em 2020 o processo democrático não foi realizado e que recebeu denúncias de docentes e de discentes de que a Reitoria está se movimentando para que novamente o processo eleitoral não ocorra.  “As denúncias mostram que a Reitoria não está respeitando a consulta acadêmica, ou seja, os representantes discentes, docentes e os técnicos da UFS têm que ser ouvidos. Em 2020, foi denunciado um golpe por não respeitar a consulta acadêmica e não podemos deixar que isso aconteça novamente”, afirmou a deputada.

Eleição para reitoria em 2020

O atual reitor da UFS, professor Valter Joviniano de Santana Filho, não participou da consulta pública e não estava na lista tríplice construída a partir da consulta pública em 2020. Na época, os sindicatos dos docentes e dos técnicos da UFS, além dos movimentos estudantis e sociais, denunciaram o processo como um golpe na democracia interna da Universidade, que, inclusive, gerou uma intervenção do Ministério da Educação na UFS, com a nomeação de Liliádia da Silva Oliveira Barreto como reitora pró-tempore da instituição. Toda essa movimentação foi repudiada e provocou indignação  de diferentes setores da sociedade sergipana e brasileira como mais um ato contra a autonomia e a democracia na universidade.

Linda expressou sua tristeza com a situação da universidade. “É com indignação que hoje vejo o erro do passado se repetir novamente. Esse ano terá nova eleição para reitoria e, mais uma vez, o atual grupo político que faz parte da reitoria se organiza para não participar da Consulta Pública, assim eles mesmo escolherão o novo reitor no Conselho Superior, com um eleição indireta, sem a participação ativa da comunidade acadêmica, sem considerar suas vozes, suas necessidades e suas contribuições para a construção de um modelo de universidade popular e inclusiva”, denunciou.

A deputada chamou atenção ainda para a necessidade da mobilização popular para que um novo golpe não aconteça. “Precisamos rechaçar essa tentativa de novo golpe e fortalecer os princípios democráticos que regem a instituição há mais de quatro décadas. É importante também pressionar o Governo Lula para que ele cumpra a promessa de nomear apenas as e os reitores que forem eleitos em consulta pública realizada com a comunidade, com um processo eleitoral transparente, garantindo a representatividade da universidade, sem imposições externas de agendas contrárias aos interesses da comunidade universitária. A democracia é um mecanismo essencial para a preservação da liberdade e da qualidade acadêmica. Contra o golpe e contra os golpistas”, sentenciou a parlamentar.

Foto: ASCOM