"Crise sanitária, econômica e política: vivemos uma tempestade perfeita?". Esse foi o tema discutido na Webinar "Mitos, fake news e algumas verdades" desta quinta-feira, 25, pelo projeto Medicina de Pacientes Graves - MGP, coordenado pelo anestesista Enis Donizetti. A live foi transmitida (e segue disponível) no perfil @pacientedealtorisco no YouTube e no Facebook e contou com a participação do médico anestesiologista Eduardo Amorim no debate.
Logo em suas considerações iniciais, Eduardo Amorim afirmou que o país enfrenta uma “tempestade” que assusta, uma vez que ela tem várias causas. “Começou com a pandemia, mas está mostrando outras causas até piores que essa: a crise moral, crise ética, política, econômica, social”, destacou.
Para Eduardo, a pandemia trouxe efeitos para diversas áreas, em especial a Saúde. “Essa tempestade está lavando e mostrando que o nosso SUS, embora seus princípios norteadores sejam muito bonitos, na universalidade e integridade, na prática não é bem assim. Faltam leitos de UTI, ou seja, não é tão integral assim. Existe uma desigualdade muito grande. Essa tempestade está mostrando também todo o subfinanciamento da Saúde”, salientou.
“O pior de tudo isso é que está faltando um comandante e parece que o país não tem um rumo. O comandante que temos diverge dos seus técnicos, seus soldados, e isso é muito ruim. A briga do Presidente com os governadores e prefeitos deixa a gente sem norte e com isso vai a nossa esperança”, complementou.
Reforma Tributária
Em relação à economia, uma das ações necessárias apontadas pelos debatedores foi a Reforma Tributária. Eduardo Amorim lembrou sua defesa durante o mandato no Senado para que esta fosse a primeira de todas as reformas para o país. “Praticamente toda semana eu fazia um pronunciamento no Senado sobre as reformas que deveriam ser feitas. Eu sempre dizia que a mãe de todas as reformas deveria ser a tributária. Como pode um país como o nosso ter mais de 94 tipos de tributos? Um número gigante como esse nos mostra fragilidades. Não tem como fiscalizar adequadamente a cobrança de todos esses tributos e começam a aparecer as primeiras injustiças”, disse.
Segundo Eduardo Amorim, o sistema tributário que vigora no Brasil é arcaico e danoso ao trabalhador brasileiro, especialmente para os que ganham pouco. “A carga tributária escraviza e tira muito, principalmente dos menos favorecidos. O pior é que o índice de retorno do que se paga neste país de impostos é muito pequeno. Em junho de 2015 fiz, inclusive, um pronunciamento sobre isso no Plenário do Senado Federal, comparado a outros 30 países que tinham uma carga tributária parecida. O Brasil ocupava a última posição. Por isso, diversas vezes apelei aos colegas parlamentares para que fosse priorizada a reforma tributária”, ressalto, pedindo que os parlamentares que estão no Congresso priorizem a Reforma Tributária.
Participantes
O debate contou também com as participações da secretária-adjunta de Saúde da Prefeitura de São Paulo, Edjane Maria Torreão Brito; do consultor técnico do Conselho Nacional de Saúde - professor de gestão e finanças públicas, Economia da Saúde e do SUS e História Econômica - Francisco Funcia; do criador e primeiro presidente da Anvisa, Gonzalo Vecina - professor da Escola de Saúde Pública da USP; e do Mestre em Economia e especialista em finanças públicas e privadas, Murilo Ferreira Viana. O mediador foi anestesista Enis Donizetti - coordenador do curso Covid-19 e Anestesia e vice-presidente da FSP.