A deputada estadual de Sergipe, Linda Brasil (Psol), encerra, nesta terça-feira, 30, sua extensa agenda na capital federal, onde participou de eventos, atos com movimentos sociais, reuniões com representantes dos ministérios do governo federal, além de debates sobre os desafios da promoção da cidadania e dignidade da população trans e travestis do país.

Uma das solenidades em que a parlamentar participou foi o lançamento do Dossiê da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), que escancarou os dados que revelam a permanência do Brasil, pelo 15º consecutivo, na liderança dos países que mais matam pessoas trans e travestis no mundo. Em 2023, houve um aumento de 10% dos casos de mortes de pessoas trans e travestis no país, totalizando uma média de 12 assassinatos por mês. Além de divulgar os números, o evento discutiu uma agenda de enfrentamento das violências contra a comunidade.

“Os dados da Antra só reforçam o que estamos falando durante todo o ano. O Brasil continua sendo o país que mais nos mata, onde mais de 90% da população trans e travestis é empurrada compulsoriamente para prostituição, e que continua nos excluindo e negando as nossas existências. É fato que avançamos, temos pessoas assumindo lugares de protagonismo social, a exemplo dos parlamentos municipais, estaduais e federal, mas é preciso ir além. Infelizmente, tivemos um desgoverno fascista, negacionista, genocida, que muito colaborou para que esses dados continuassem subindo. Mas continuaremos resistindo e enfrentando essas tentativas de aniquilação das nossas identidades, histórias e vidas. Vamos seguir firmes na luta não apenas pelo reconhecimento, mas por respeito e igualdade em direitos”, disse a deputada Linda Brasil.

Movimento auto-organizado

Uma referência na luta transfeminista em todo o país, a deputada Linda Brasil participou de mesas de debates e provocou. “Precisamos nos organizar. Eu acredito muito no poder do movimento auto-organizado. Toda essa agenda em comemoração aos 20 anos da Visibilidade Trans mostra o quanto essas vozes, essas representatividades, são importantes para que possamos pautar os debates, mas também para reivindicarmos uma agenda que nos coloque no centro das discussões e das construções. Não é possível mudarmos essa realidade do Brasil, se as nossas corpas e corpos não estiverem nos momentos de diálogos, de construção e de elaboração dessas políticas públicas”, destacou Linda.

Representatividade

A deputada, representante de Sergipe, reforçou a importância das unidades federativas estarem unidas para pensar amplamente o contexto nacional, mas também as particularidades de cada região. “Temos pessoas trans de várias partes do nosso país, e isso é de uma expressividade babadeira. O Brasil todo mostrando que as pessoas trans e travestis continuarão sua luta contra a transfobia, o machismo, a misoginia, o fascismo, o fundamentalismo e contra as perversidades do sistema. Estamos aqui dizendo que vamos continuar ocupando as câmaras, as assembleias, as prefeituras, e todos os outros espaços que nos foram negados”, disse Linda.