Em um gesto de amor, o momento de dor foi transformado em esperança. A família do empresário João Paes da Costa, o João Tarantella, disse sim para a doação de órgãos. Após essa confirmação da morte encefálica, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) ), entidade designada pela Secretaria de Estado da Saúde, por meio da Central de Transplantes, iniciou os procedimentos com a captação dos órgãos, às 6h, neste último domingo, 16. Uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB), pousou em Aracaju pela manhã e transportou os órgãos para outros estados, onde foram identificados receptores compatíveis.
A Organização de Procura de Órgãos (OPO) exerce papel fundamental na identificação, manutenção e captação de potenciais doadores para fins de transplantes de órgãos e tecidos, com sede no Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho (Huse). É um órgão executivo da Comissão Nacional de Transplantes de Órgãos e Tecidos, suas atividades estão estabelecidas em observância à legislação vigente sobre transplantes de órgãos e tecidos do corpo humano (vivo ou morto), com fins terapêuticos e científicos. A OPO Sergipe atua com busca ativa dentro do Huse e em todas as unidades críticas intensivas e semi-intensivas do estado, assim como nas emergências, funcionando 24 horas.
A médica em Terapia Intensiva do Huse e da OPO Sergipe, Myrna Bicudo, ressalta a importância das pessoas informarem aos familiares acerca do desejo em serem doadores de órgãos. “Que atos como esse abram diálogos nas famílias em relação a este tema, que se quebre os tabus em relação a isso. Para doar basta que os familiares autorizem. Após a finalização do protocolo, em que é identificada a morte encefálica, a família é informada sobre o direito de decisão quanto a doação de órgãos e tecidos aos parentes de primeiro e/ou segundo grau. Havendo concordância do familiar mais próximo, é assinado o termo de autorização familiar para doação”, afirmou.
De acordo com o superintendente do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho, Walter Pinheiro, é preciso debater mais este tema e quebrar os tabus em relação a doação de órgãos, que representa um ato de amor e que salva vidas. “Muito importante a gente está debatendo esse assunto de forma aberta. Sabemos o tabu que envolve essa questão, um momento tão difícil que é a comunicação de uma morte encefálica e do outro lado temos tantas vidas aguardando ansiosas uma esperança de receber esses órgãos. Aqui no Huse temos um potencial enorme de ofertar esses doadores, visto a grande quantidade de leitos de terapia intensiva e a nossa porta aberta para esses traumatismos que são os que ofertam esses potenciais candidatos a doadores. Espero que a gente evolua não só na questão de sensibilizar a sociedade, mas que a gente possa fazer acontecer em nosso estado, do ponto de vista técnico, ocorrer esses transplantes aqui”, enfatizou.
Doações em Sergipe
Desde dezembro do ano passado, a Central de Transplantes já registrou 17 doações de órgãos em Sergipe. Quando há um paciente com suspeita de morte encefálica, a equipe médica informa para a Central de Transplantes que há um possível doador. A Organização de Procura de Órgãos (OPO) vai até o local, acompanha o diagnóstico, acolhe a família e dá a oportunidade da doação.
Segundo o coordenador da Central Estadual de Transplantes, Benito Fernandez, com a autorização da doação, alguns exames são realizados. “Fazemos exames sorológicos, RTPCR para Covid-19 e a avaliação de cada órgão para saber a viabilidade do transplante. Estando tudo bem, marcamos a captação e fazemos a oferta dos órgãos para as equipes de transplantes. O coração e o pulmão, por exemplo, só podem ficar quatro horas fora do corpo. Tudo tem que ser feito de forma rápida para que o receptor seja preparado pra receber o órgão”, explicou.