A gravidez entre adolescentes vem crescendo nos últimos anos. A cada dia a faixa etária de jovens gestantes se torna menor. Na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes, unidade de alto risco, gerenciada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) foi contabilizado em janeiro deste ano, 409 partos. Desses, 69, em adolescentes, idade compreendida entre 10 e 19 anos. Em 2019, foram registrados 5.234 nascimentos, sendo 775 partos em adolescentes, contabilizando uma média de 64 partos mês. Já no ano anterior (2018), a instituição registrou 5.491 partos, destes 1.003 foram partos realizados em adolescentes.

A MNSL tem um papel primordial por acolher jovens puérperas orientando e preparando emocionalmente essas adolescentes a cuidarem de seus filhos. A psicóloga Andresa Azevedo informou que a adolescência é uma fase da vida, quando ocorrem modificações corporais e psicológicas nas meninas e que nesse período raramente a gravidez é planejada e consequentemente provoca mudanças na vida da jovem que está gestante.

A Organização Mundial de Saúde atesta que o Brasil tem 68,4 bebês nascidos de mães adolescentes a cada mil meninas de 15 a 19 anos. O índice brasileiro está acima da média latino-americana, estimada em 65,5. “Os dados relacionados ao Brasil ficam acima da média latino-americana e caribenha, e registram a segunda maior taxa de gravidez na adolescência no mundo”, observou a psicóloga. Ela atentou, ainda, que o serviço de apoio multidisciplinar da MNSL garante à paciente suporte necessário durante a internação e o serviço de psicologia é ofertado de forma acolhedora.

A psicóloga Kátia Albuquerque explicou que a gravidez na adolescência não é um assunto dos dias atuais, é uma problemática que vem se arrastando há alguns anos.  “Essa problemática que se tornou “epidemia” entre jovens de 14 a 19 anos, possui muitas variáveis, mas acredito que a falta de diálogo e acompanhamento que observamos atualmente entre pais e filhos pode ser uma das razões. Não quero colocar a culpa nos pais, até porque a sociedade atual exige outro perfil de pais em comparação há anos atrás”, disse Kátia.

Sozinhos

Ela ressaltou que o ritmo acelerado dos pais por terem que trabalhar para dar sustento para suas famílias faz com que não haja tempo suficiente para dar atenção necessária aos filhos e, em consequência disso, os filhos estão tendo que se virar sozinhos e acabam absorvendo informações muitas vezes distorcidas. “A consequência disso é o início cada vez mais cedo de uma vida sexual ativa e desprovida de qualquer cuidado.  Cabe aos pais darem apoio necessário e emocional para a diminuição dos efeitos emocionais que essa fase trás.
Emily Passos dos Santos, de apenas 15 anos, natural de Pinhão Sergipe, teve seu bebê no dia 04 de fevereiro na MNSL, sua filha Emanuele Sophia, nasceu de parto normal, às 4h16, pesando 3.123g. Sua gravidez não foi planejada e ela descobriu a gestação quando já estava com quatro meses. Decidiu contar à mãe Silvania dos Santos Passos, que acompanhou a filha durante o pré-natal. Emily foi para a ‘Lourdinha’ por conta da pressão alta e hoje está na ala azul, aguardando alta e sendo medicada por conta de uma trombose.

“Quando voltar para casa será diferente, uma nova experiência. Apesar do susto, estamos felizes, vou ter o auxílio de minha mãe que já combinou que quando estiver na escola, ela cuida de Emanuele Sophia. Na maternidade, temos acompanhamento e orientações” disse a adolescente.

Amanda Bispo de 19 anos, natural de Itapicuru-Ba, teve seu segundo filho, Matheus Gabriel, que nasceu no dia 30 de janeiro, com 47cm. Ela veio para a unidade de alto risco por conta da pressão alta. Quando teve seu primeiro filho, ela só tinha 16 anos. Mesmo jovem, deu continuidade aos estudos. “Minha segunda gravidez não foi planejada. No começo foi um susto, depois de três anos outra gestação. Agora estou feliz com a chegada de Matheus  que está mamando bem e sei que mais uma vez vou conciliar horários para não deixar de estudar’’, comentou.

SES