Tese de doutorado de professora da Unit propõe orientações para preservação de provas em pacientes de urgência e emergência; trabalho foi transformado em livro e lançado durante congresso realizado na Paraíba
Como prestar um bom atendimento a pacientes envolvidos em ocorrências policiais, principalmente vítimas de acidentes, agressões e outros crimes? As respostas a estas questões podem estar em um estudo desenvolvido pela professora Juliana de Oliveira Musse Silva, do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit). Ela é a autora do livro A preservação de vestígios forenses nos serviços de saúde de urgência e emergência, publicado pela Appris Editora e lançado na última terça-feira, 24, durante o 25º Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem (25º CBCENF), em João Pessoa (PB).
O livro é derivado da tese de doutorado apresentada por Juliana em 2020, no Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente (PSA/Unit), com orientação da professora-doutora Cláudia Moura de Melo. A pesquisa, considerada pioneira no assunto, foi desenvolvida a partir de experiências cotidianas da autora e de entrevistas feitas com peritos da Polícia Científica e com profissionais de saúde (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem) atuantes no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e em hospitais de urgência e emergência do Estado de Sergipe.
“Todas essas etapas foram necessárias para a elaboração de um protocolo de preservação de vestígios para os serviços de saúde. O protocolo foi transformado no formato de livro como forma de expandir o conhecimento para instituições de saúde e profissionais da área que tenham interesse na temática, além de colaborar na melhoria das práticas desses profissionais nesse sentido”, explicou Juliana.
Na publicação, além de explicações detalhadas sobre o tema, estão as principais recomendações nacionais e internacionais para preservação de vestígios forenses nos serviços de saúde de urgência e emergência, ampliando a perspectiva de cuidado à pessoa vítima de violência por parte da equipe de saúde. O objetivo é garantir a assistência à saúde dos pacientes envolvidos em situações de violência, sem contudo contaminar ou destruir vestígios que podem ser utilizados como provas para a elucidação dos próprios casos, a exemplo de lesões detectadas em exames de corpo delito.
A qualificação do atendimento a pacientes envolvidos em situações de violência motivou ainda a proposta de um curso de capacitação para Enfermeiros Examinadores de Vítimas de Violência e Agressores (EEVVA), que já começou a ser ofertado pela Sociedade Brasileira de Enfermagem Forense (Sobef). A professora Juliana, que também é presidente da entidade, explica que esse curso tem carga horária de 40 horas, com teoria e prática, e já teve duas turmas realizadas, sendo uma em Fortaleza (CE) e outra em São Paulo (SP).
A experiência na elaboração e implementação desse curso também foi tema de uma das comunicações científicas apresentadas no mesmo congresso em João Pessoa. Para a enfermeira, levar o assunto para o evento científico, um dos principais da área de Enfermagem na América Latina, foi uma grande conquista. “Isso possibilita dar visibilidade e discussão acerca da temática que é muito importante para o atendimento mais humanizado e integral às vítimas de violência”, destacou Musse.
Asscom Unit
Foto: Arquivo pessoal