Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), assim como a maioria dos hospitais gerais do país, convive com um problema diário que são os atendimentos a pacientes de baixa complexidade. São casos menos graves que deveriam ser atendidos na rede de atenção básica, que é de responsabilidade dos municípios.

 
Como o hospital mantém suas portas abertas, acaba atendendo a todos, inclusive a cerca de mil usuários de outros Estados como Bahia e Alagoas. O resultado disso é a superlotação da unidade que não comporta no seu espaço físico o dobro da capacidade de atendimento diário.
 
Um levantamento feito mostra que, de janeiro a setembro deste ano, já foram realizados no pronto socorro do Huse 128 mil atendimentos. Destes, 60 mil são oriundos de Aracaju, e 94 mil do interior do Estado. Apenas 10% precisaram continuar internados para nova reavaliação e acompanhamento médico. Isso mostra que a imensa maioria dos pacientes (90%) chegam ao Huse com problemas simples, que poderiam ser solucionados nos postos de saúde.
 
Para organizar o fluxo e melhorar o atendimento à população, o Huse adota um modelo de assistência que prioriza a gravidade de cada caso. É a classificação de risco baseada no Protocolo de Manchester. “O Huse ainda é um hospital com porta aberta, isso significa que nós atendemos a todos os que nos procuram, apesar de que nós entendermos que o Huse é um hospital de alta complexidade, então, ele deveria se restringir àqueles casos mais complicados, mas nós atendemos a todos”, explica o superintendente Darcy Tavares.
 
De acordo com o gestor, em decorrência disso, o impacto para o hospital é muito grande porque muitos pacientes poderiam ser atendidos pelas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) municipais e muitas vezes são encaminhados para o Huse ou vão ao hospital por livre e espontânea vontade. “Nós não somos culpados, não é um problema criado pelo Estado ou pelo Huse, nós estamos emergencialmente tentando resolver e dar um menor sofrimento à população, mas ela não quer saber, ela quer saber que está demorando em ser atendida e demora porque nós seguimos um protocolo e esses casos que são de baixa complexidade”, disse.
 
Darcy informa que o protocolo faculta à unidade hospitalar um prazo de atendimento de até 12 horas porque são pacientes ambulatoriais, ou seja, sem maiores riscos. “A gente respeita todos os pacientes e pede a compreensão até porque nós estamos tentando resolver essa situação, que nos obriga diariamente a tomar medidas emergenciais para não desassistí-los como, por exemplo, o reabastecimento de material e medicamentos, além de rotatividade dos leitos para desocupação de macas, entre outros”, pontuou o superintendente do Huse.