A estudante do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Laryssa Fialho, apresentou em seu TCC dados dos últimos 20 anos que apontam para o crescimento dos óbitos por hepatite crônica 

Para concluir a graduação é preciso que o aluno entregue o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), onde a banca avalia se o aluno está preparado para  concluir a sua formação e se está devidamente preparado para o mercado de trabalho. Foi pensando em como encerrar um ciclo tão importante, que a estudante do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit) Laryssa Fialho, realizou uma pesquisa sobre o crescente número de mortes por hepatite crônica no Norte e Nordeste.

Sob orientação da médica cirurgiã e professora, Sônia Oliveira Lima, a estudante coletou dados dos últimos 20 anos que apontam para o crescimento dos óbitos por hepatite crônica no Norte e Nordeste. A pesquisa foi publicada no início do mês na Revista Brasileira de Epidemiologia.

“A pesquisa foi iniciada em 2022, quando comecei a pensar no meu TCC. Pedi ajuda à minha orientadora, Sônia Lima, que comentou que o tema era relevante e que valeria a pena já que não existem muitos estudos analisando a mortalidade por todas as hepatites virais no Brasil em relação ao espaço e tempo. No início foi um desafio, já que precisei buscar entender muito sobre cada hepatite e como era a prevalência deles em cada lugar”, relembra. 

Em sua pesquisa, Laryssa detectou que nos últimos 20 anos, foram registradas 49.831 mortes por hepatites no Brasil. Considerados os números absolutos, a região com maior mortalidade foi a Sudeste, com 51% dos óbitos. E a com menor mortalidade foi a Centro-Oeste, com 5% dos óbitos. Esse resultado foi obtido a partir dos cálculos habitacionais das regiões.

“Para realizar a pesquisa buscamos dados dos períodos de 2001 a 2020. Neles analisamos que nas regiões Norte e Nordeste houve um aumento de 6% e 5%, respectivamente, na mortalidade por hepatite crônica viral. A pesquisa apresentou que a região Nordeste ocupou o terceiro lugar, com 13% das mortes. Quando analisadas as taxas de mortalidade, as médias brasileiras foram 0,88 mortes por hepatite viral crônica para cada 100 mil habitantes, quatro vezes maior que a taxa das outras hepatites virais (0,22 mortes para cada 100 mil habitantes)”, explica.

No estudo ainda foi constatado que na hepatite viral crônica, as regiões Sul e Sudeste ultrapassaram a média nacional, com 1,38 e 1,06 para 100 mil habitantes. A região Norte ultrapassou a média brasileira para hepatite A, hepatite B, outras hepatites e hepatite não especificada. “Nos estados do Acre e Amazonas, que, no período analisado, apresentaram as taxas de mortalidade por hepatite viral crônica mais altas do país. Ambos registram conglomerados espaciais com altas taxas de mortalidade em todas as hepatites. Essa ocorrência, afirmam os pesquisadores, pode ser explicada pela alta prevalência de soropositividade para o vírus da hepatite Delta (VHD) na região Norte, concentrando 77% dos casos nacionais”, destaca.

Embora tivessem muitas mortes classificadas como hepatites não especificadas, o que dificultava a análise dos dados, a pesquisadora afirma que foi uma experiência enriquecedora o processo de produção da pesquisa.

“A falta desses dados significa uma possível falha na notificação, mas nada que impedisse o resultado da pesquisa. Mesmo com algumas dificuldades, com o tempo foi ficando muito legal fazer o trabalho. Durante o processo comecei a conseguir enxergar o porquê de cada realidade em cada região do país, sem contar com a ajuda da minha orientadora que foi excelente. E o resultado depois de pronto só me trouxe alegria”, ressalta.

Laryssa conta como começou a sua trajetória na Medicina. “Eu não sei precisar o momento exato que decidi por esse curso, na verdade sempre fui uma pessoa preocupada e sempre gostei muito de conversar e de cuidar diretamente do outro. Acredito que minha escolha foi muito natural e hoje vejo que fiz a escolha mais certa que poderia, sou realmente muito feliz e realizada”, declara.

Para a estudante, a graduação foi um período muito importante e feliz. “A Unit foi uma escolha muito certa. Acredito que consegui aproveitar bem a universidade, participei de atividades e projetos que iam de acordo com o meu perfil. Os professores são bem qualificados e excelentes no que exercem. Tive a oportunidade de participar dos estágios que acontecem desde o início da faculdade e que ajudam bastante a ter contato com a profissão e com os pacientes desde o comecinho”, comenta. 

Ela procura ser participativa nas atividades que aconteciam dentro e fora do ambiente acadêmico. “Participei de várias aulas extras de ligas, assim como alguns congressos, simpósios, cursos, estágios. Fiz parte também da Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia de Sergipe, tanto como ligante como vice-presidente. Além disso, participei de projeto de extensão relacionada a capacitação de professores do ensino fundamental de escolas públicas e privadas de Sergipe sobre primeiros socorros de crianças nesses ambientes. Tudo que me foi oferecido foi fundamental para me manter empolgada com a rotina”, pontua. 

Para o futuro, Laryssa garante que não ficará acomodada. “Após concluir a graduação prevista para o fim desse semestre, pretendo prestar provas de residência e se tudo der certo ser residente no próximo ano”, conclui.

Asscom Unit