Pioneiro nas inovações médicas desde a sua fundação, o Hospital de Cirurgia realizou no mês de dezembro, pela primeira vez em Sergipe, o acesso trans-clivus endoscópico para ressecção de lesão neoplásica que comprimia o tronco encefálico, sede das funções essenciais da vida humana. O trabalho conjunto da equipe de Neurocirurgia e de Otorrinolaringologia proporcionou a máxima retirada possível deste tumor de localização difícil, sem produzir novas sequelas.
“Em Sergipe, foi a primeira vez que foi realizado este tipo procedimento e, graças a Deus, foi feito com sucesso, pois conseguimos extrair a lesão. Era um tumor extremamente difícil de ser retirado pela abertura do crânio e as chances de sequelas seriam muito grandes. Então, é um feito do Hospital de Cirurgia que temos muito de nos orgulhar, pois, se formos ver, pouquíssimos centros do Brasil fazem cirurgias através do clivus para extrair tumores intracranianos. É um procedimento que precisa do trabalho de equipe multidisciplinar, neurocirurgiões e otorrinolaringologistas. Conseguimos fazê-lo agora depois de muita estrada percorrida: dedicação, conhecimento técnico e capacitação”, relata o médico neurocirurgião Dr. Arthur Maynart Pereira Oliveira, responsável por chefiar a cirurgia.
Dr. Arthur Maynart explica como ocorreu o procedimento inédito em Sergipe, que contou também com a participação do médico neurofisiologista Dr. Franklin Borges Junior e dos otorrinolaringologistas, Dr. Nelson Almeida D’Avila Melo e Dr. João Machado, que também compõem a equipe.
“Os tumores que são operados por meio deste acesso estão localizados no clivus (osso da base do crânio) ou atrás dele, dentro do crânio. É uma região difícil de chegar, pois fica bem no meio do crânio. Então, ao invés de abrirmos o crânio, acessamos o tumor através do nariz. A equipe de otorrinolaringologistas que trabalha conosco no Hospital de Cirurgia faz o acesso cirúrgico e nos leva, através da câmera de vídeo, até a região que chamamos de esfenoide”, comenta Dr. Arthur Maynart.
O neurocirurgião destaca que, por meio do acesso trans-clivus endoscópico, os riscos de sequela para os pacientes são menores. “A cirurgia convencional, através da abertura do crânio, é mais difícil e arriscada para o paciente. Teríamos que fazer o acesso por trás da orelha e afastar estruturas do tronco cerebral e do cerebelo, para retirar uma tumoração que fica lá na frente. Além disso, muitas das vezes, os nervos cranianos que fazem movimentar o rosto e o olho, por exemplo, ficam na nossa frente na hora da cirurgia e podem sofrer alguma lesão. Já, via endoscópio, vemos de pronto a lesão. Não mexemos na estrutura do cérebro ou nervos. Isso é muito bom, pois diminuem as possibilidades de sequelas neurológicas”, afirma.
A paciente que passou pelo procedimento cirúrgico inédito no Estado, no dia 18 de dezembro, está bem e teve alta hospitalar no dia 24 de dezembro.
Fonte: Ascom Cirurgia